Sou um homem do Sul, o Alentejo e o Algarve são as terras onde me sinto bem, onde me sinto em casa e onde passei parte da minha carreira militar, pelo que infelizmente consigo entender a razão de ser do voto em partidos de protesto.
Desde que vim para a Academia Militar que a ferrovia para o Algarve se mantém igual, uma só linha, puxada por locomotivas a diesel, e com os mesmos escassos horários e com sensivelmente a mesma elevada duração em termos de tempo de viagem.
A mesma linha ferroviária deixou de servir Beja, sensivelmente na mesma altura que durou o ainda inoperacional aeroporto, que foi feito, em termos de pista pelos alemães quando da Base Aérea se serviam para efeitos de treino operacional.
Em termos de estradas, estas desde há anos que são as mesmas, sendo Beja a única capital de distrito que não é servida por autoestrada, e no caso do Algarve, dado que a via do Infante é inexplicavelmente paga, por a alternativa não existir.
No Algarve, não foram realizadas as obras públicas necessárias para resolver os problemas de falta de água, com centrais de dessalinização, com barragens nas serras e os necessários transvases, entre barragens do Norte para o Sul.
O hospital central do Algarve, que tanta falta faz, não foi feito concretizado, como não foram resolvidos os problemas de habitação para residentes, pois os PDM’s não são alterados há anos, não permitindo que terrenos que não são Ren, nem Ran, possam ter capacidade construtiva, sendo Loulé o concelho mais rico, o paradigma do que referi, pois só tem havido alterações ao mesmo, com projetos de pormenor, para permitir a construção de resorts.
Por tudo o que afirmei, Algarve reclama há anos ser uma região autónoma, pois está abandonado pelo poder central há anos, tendo mesmo a unidade militar que comandei em Tavira abandonado a região, pois sente-se abandonado pelo poder central, e inclusivamente não sente representação política no parlamento pois nem sequer os deputados são algarvios ou com a região conectados.
Por tudo o que sucintamente referi, consigo perceber a razão de ser do voto do Sul, no partido de protesto de extrema-direita.
O Algarve e o Alentejo têm sido o parente pobre de Portugal, todo o investimento vai para o Norte.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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