Normalmente os portugueses na União Europeia, quando são chamados para terem responsabilidades nas três instituições, muito em especial quando exercem a Presidência Rotativa do Conselho Europeu, são bem vistos por todos os outros Estados-membros, pois sabem negociar e conseguir atingir resultados palpáveis, que outras potências europeias não conseguem, pois Portugal na sua história, sempre teve de negociar, de estabelecer alianças defensivas para poder ser independente.
Na UE, Portugal normalmente consegue diminuir conflitos e arranjar consensos entre as grandes potências europeias, até porque os nossos interesses normalmente não conflituam com a maioria dos outros Estados-membros, o que é uma vantagem evidente para poder ser um moderador mais isento que outros pares, tendo desde sempre quando exerce a Presidência do Conselho, conseguido gerir crises, dirimir conflitos, e gerar consensos por vezes, à primeira vista, impossíveis, o que significa que os nossos experts nas reuniões do Conselho e os nossos diplomatas são extremamente competentes.
Relembro que politicamente conseguimos fazer aprovar o Tratado de Lisboa em 2007, algo que os alemães que nos precederam bem tentaram sem sucesso.
No domínio do desenvolvimento de capacidades militares para a UE, durante a nossa Presidência de 2007, também conseguimos algo que os alemães que nos procederam nessas funções não conseguiram, pois conseguimos negociar e fazer aprovar por consenso, o primeiro Catálogo de Progresso da União Europeia, documento que listava todas as faltas, na altura, de capacidades militares necessárias para a instituição poder executar todos os cenários das missões de Petersberg, e sobretudo priorizar a sua aquisição, algo que por ser um tema muito político, e com implicações económicas muito substanciai, existe muita pressão por parte dos Estados-membros que possuem indústrias de armamento e por isso em desenvolverem primeiro umas determinadas capacidades, em detrimento de outras, que até poderiam ser mais prementes. O facto de não termos indústrias de defesa facilitou-nos esse trabalho.
Estes factos aliado ao facto de normalmente cumprirmos as indicações de Bruxelas, sermos um bom aluno, mesmo em circunstâncias adversas, dá-nos um poder relativo importante, ou seja, é-nos reconhecido poder, “Soft Power”.
Por essa razão e pela capacidade que António Costa teve dirimindo conflitos e arranjar consensos, durante a última Presidência Rotativa do Conselho Europeu e mesmo antes e depois desta, pois os programas das presidências são elaborados e consensualizados com objetivos a alcançar no final de um ciclo de três presidências consecutivas, de que é exemplo o trabalho que efetuou na conceção e no desenvolvimento do PRR, fazem dele um excelente candidato, e com provas dadas reconhecidas pelos seus pares, para ser o próximo Presidente não rotativo do Conselho Europeu, que será da área socialista, uma vez que o próximo Presidente da Comissão continuará a ser Van der Layen da área do PPE.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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