Segundo um estudo, uma em cada quatro crianças entre os cinco e os 16 anos tem telemóvel, estando este a substituir as conversas e as brincadeiras cara a cara.
Sejamos práticos: para os pais, é muito tranquilizador saberem que, tendo o filho um telemóvel, podem falar com ele esteja onde estiver e vice-versa – especialmente em situações de emergência. No entanto, as crianças e adolescentes não recorrem ao telemóvel apenas para contactar com a família: usam-no, sobretudo, para enviar mensagens aos amigos, consultar/atualizar as redes sociais, jogar, ver vídeos, fazer downloads…
Dependência tecnológica
Um estudo americano publicado pelo International Center for Media & the Public Agenda pediu a mais de 1000 jovens de dez países diferentes para passarem 24h sem o telemóvel (ou qualquer outro tipo de média) e, posteriormente, questionou-os sobre o que tinham sentido naquele período de tempo. Muitos afirmaram sentirem-se “nus”, inquietos, paranóicos, com sintomas de privação ou queixas semelhantes às provocadas pela síndrome do membro fantasma (que resulta de uma amputação).
Qual é o impacto na família?
Diversas pesquisas têm alertado para o facto de as novas tecnologias estarem a substituir as relações “em direto“, interferirem na qualidade de vida familiar e afetarem a capacidade de concentração e gosto por outras atividades mais salutares. Cabe aos pais incentivarem e promoverem programas familiares que fomentem a atividade física, a descoberta e o prazer proporcionado pelo convívio “tradicional“.
O telemóvel pode prejudicar o sono
Um estudo americano verificou que quatro em cinco crianças/adolescentes dorme com o telemóvel à cabeceira. A expetativa/iminência de poderem receber uma mensagem ou uma chamada levam-nos a manterem o telemóvel ao seu lado e, segundo os pediatras envolvidos nesta pesquisa, este comportamento interfere nos padrões e qualidade do sono dos mais novos.
Crianças portuguesas dormem pouco
Coincidência ou não, uma pesquisa recente realizada por Filipe Glória Silva, pediatra do Hospital CUF Sintra, apurou que 10% das crianças portuguesas entre os dois e os dez anos têm uma duração do sono insuficiente em relação à média. Comparativamente a dados dos Estados Unidos, China e Holanda, foi também verificado que as crianças portuguesas se deitavam tarde e apresentavam mais sintomas de sonolência diurna. Por sua vez, a privação de sono está associada a problemas emocionais, cognitivos e comportamentais, tem impacto na qualidade de vida familiar e justifica a marcação de uma consulta do sono, em que especialistas ajudam os pais a estabelecer hábitos de sono saudáveis de acordo com as necessidades fisiológicas de cada criança.
A radiação do telemóvel é perigosa?
De acordo com a Food and Drug Administration, não existe evidência científica atual que demonstre que a radiação emitida pelo telemóvel seja nociva para a saúde dos utilizadores, incluindo crianças e adolescentes. No entanto, a mesma entidade aconselha-nos a reduzirmos, ao estritamente necessário, o tempo passado a falar ao telemóvel e, em simultâneo, utilizarmos os auriculares ou colocarmos o aparelho em alta voz para aumentar a distância entre a cabeça e o telemóvel. Este conselho é válido para crianças, adolescentes e adultos.
A altura certa para ter um telemóvel
Vários especialistas defendem que, mais do que uma idade adequada para a criança ter um telemóvel, é necessário que esta tenha maturidade e sentido de responsabilidade. Faça a si próprio as seguintes perguntas:
- O seu filho costuma ser responsável?
- É habitual que perca a mochila ou brinquedos?
- Acha que ele é capaz de utilizar o telemóvel de forma responsável?
- Finalmente, a questão crucial: a criança precisa mesmo de ter um telemóvel?
Estabeleça regras
Se decidiu oferecer um telemóvel ao seu filho, defina com ele, previamente, as regras de utilização do aparelho:
- Compre um modelo básico e não subscreva o acesso à Internet. Se, por exemplo, deu à criança um telemóvel que já não usa, desative serviços como a localização automática.
- Adquira um “pacote” com um número limite de chamadas e mensagens de texto.
- Habitue a criança a usar auriculares quando fala ao telemóvel.
- Estabeleça um horário de utilização do telemóvel: por exemplo, a criança deve desligar o aparelho a partir das 20h, deixando-o na sala e só o voltando a ligar na manhã seguinte.
- Explique ao seu filho o que é o cyberbullying e, também, por que é que a criança não deve responder a mensagens de texto ou atender telefonemas de pessoas que não conhece.
- Dê o exemplo: se a criança vê os pais sempre a falarem ao telemóvel ou a verificarem constantemente se receberam alguma mensagem, ela vai imitá-los. Por isso, imponha limites… a si próprio.
Fonte: Cuf (Pediatria)
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