Viktor Orbán, o presidente da Hungria, convidou o Presidente Sérvio e o Turco para o dia nacional, e para assistirem aos Campeonatos do Mundo de Atletismo, que estão a ter lugar em Budapeste, pois desde sempre os grandes eventos desportivos são também excelentes palcos de afirmação política e ideológica, pervertendo a própria essência do desporto.
Estas três personalidades têm em comum o facto de serem autocratas, iliberais, populistas e de extrema direita, Erdoğan e Orban fazem um jogo duplo nas instituições em que têm assento. No caso Sérvio, este ainda não integra a NATO nem a UE, embora pretenda integrar esta última.
A amizade com Putin, e mesmo alguma admiração que por ele nutrem e pelo seu regime, que ideologicamente e na praxis, não está muito longe do que o que estes três países têm instalado nos seus países, e circunstancialmente o Kosovo parece ser o laço que os une, com o objetivo de afrontarem o Ocidente em que se integram ou querem integrar, com o fim de tirar dele vantagens e simultaneamente o destruir por dentro, ou moldá-lo a seu belo prazer.
O Kosovo é ora o ponto focal onde os seus interesses parecem coincidir, pois para a Sérvia desde sempre contesta a existência desse país, que também não foi reconhecido como independente por vários outros países, inclusive ocidentais.
A Hungria, por sua vez, sempre teve interesses nos Balcãs, embora não os integre, por partilhar com na Sérvia a fronteira norte, e a Turquia que geograficamente faz parte dos Balcãs e recentemente integrou o contingente NATO para pacificar o Kosovo, depois da última crise entre a população Sérvia minoritária no Kosovo e o governo do mesmo.
Esta tripla aliança pode ser, em minha opinião, e pelo supra referido, o cavalo de Troia do Ocidente, numa altura em que se decerniam cerrar fileiras em prol da defesa da Ucrânia, algo que como sabemos não tem acontecido, pois a proximidade destes ao regime de Putin é superior aos que nutrem quer pela União Europeia, quer pela NATO.
Nuno Pereira da Silva
Coronel Na Reforma
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