Qualquer que seja o final da guerra da Ucrânia, a guerra terá repercussões na Ordem Mundial, nomeadamente na União Europeia e na Federação Russa.
União Europeia
Putin conseguirá unir a Europa ao contrário do que inicialmente pretendia. A UE será cada vez mais um ator essencial no Contexto Internacional, não só admirada e seguida pelo seu Soft Power, mas cada vez mais com capacidades de Hard Power.
A União Europeia integrar-se-á mais, a nível militar, pois a Alemanha irá rearmar-se e vai ser para além do motor económico da Europa, o motor do seu rearmamento, e do desenvolvimento das Indústrias de Defesa Europeias.
Tendo em vista libertar os EUA para a região da Ásia-Pacífico, as forças da UE, terão mais autonomia em relação à NATO, as forças da UE embora separadas, não deverão ser separáveis das da NATO.
A UE integrar-se-á mais numa verdadeira Europa da Energia, cada vez mais limpa, e sem dependências do exterior., utilizando cada vez mais energias renováveis e o hidrogénio.
A energia nuclear de fusão será adotada em 2030, altura em que se prevê esteja completamente desenvolvida.
Federação Russa Russa
Em termos militares, a Rússia, quer ganhe quer perca a guerra no terreno, demonstrou ao mundo que as suas Forças Armadas convencionais, são obsoletas dum modo geral, as munições guiadas são escassas, o serviço militar de conscrição é ineficiente, as viaturas blindadas, carros de combate, viaturas de combate de infantaria e viaturas blindadas de transporte de pessoal, são velhas na sua maioria, as suas blindagens, são pouco eficientes contra os mísseis a/car ocidentais, que na mão dos ucranianos têm provocado grande atrição, os helicópteros de ataque e logísticos também são facilmente abatidos pelos mísseis terra /ar “man pack”, ou seja, não têm grandes capacidades tecnológicas para desviar os mísseis. O Exército demonstrou ainda não ter capacidades de combate noturno, bem como ter poucas capacidades “deployable”, pois num território na sua vizinhança próxima, a Ucrânia, demoraram uma semana a movimentar reservas do interior da Rússia para a fronteira, e demonstram poucas capacidades para efetuar reabastecimentos em longas linhas de comunicação.
As Forças Armadas Russas não conseguiram ter supremacia aérea, e os seus meios de aquisição de objetivos são muito falíveis.
O comando e controlo das forças é deficiente e, as ordens não parecem ser percetíveis. A moral de forma geral é fraca.
Estas debilidades que mostrou ao mundo obrigá-la-ão no fim desta campanha, se tiverem capacidade económica a reestruturar e reequipar as suas Forças Armadas, algo que demorará no mínimo uma década.
Em termos económicos, com as sanções Ocidentais a Rússia levará alguns anos a reerguer-se, não parece que venha a ter meios para afrontar militarmente o Ocidente.
A Rússia terá de se voltar para a China e para o seu mercado, sendo nessa parceria o elo mais fraco, o que significa que a sua fraqueza, reforçará o poder da China no Continente Asiático.
Os BRIC, Brasil, India e China, serão cada vez mais uma realidade económica e quiçá uma aliança política, para fazer face aos EUA e á sua hegemonia militar.
Provavelmente haverá dois novos blocos, o Asiático liderado pela China, e o Ocidental liderado pelos EUA, voltando o mundo a ser bipolar, constituindo-se -se assim uma nova Ordem Mundial, pós invasão da Ucrânia
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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