De vez em quando somos obrigados a encarar a morte de alguém que nos é querido e voltamos a pensar e a refletir sobre essa realidade.
Fiquei a saber, que dado que os cemitérios estiveram com grandes restrições de visitas de familiares e com proibições, inclusive de se efetuarem trabalhos em cantaria, os negócios paralelos relacionados com a morte, apesar do aumento das mesmas por Covid e sem ser por Covid, estava em crise profunda.
O sector das cantarias em pedra, que trata da cobertura das campas e jazigos, já estava a sofrer devido ao aumento exponencial de cremações, em vez da tradicional sepultura dos corpos na terra.
Neste século em que vivemos, adotámos quase consensualmente pela cremação dos defuntos por várias razões, sendo em minha opinião, mais por comodismo das famílias do que por qualquer fator higiénico ou de espaço, uma vez que estas depois de espalharem as cinzas num qualquer local idílico, numa cerimónia patética, rapidamente se querem esquecer do seu antepassado e da morte.
O culto aos mortos que vem desde os monumentos megalíticos até ao século passado, está-se a perder, pois a sociedade atual quer arrumar os assuntos dolorosos numa gaveta que raramente abre ou quer abrir.
Um ritual típico da religião hindu, a cremação dos defuntos, invadiu o ocidente e os Cristãos e sua doutrina, da Ressurreição da Morte, da Ressurreição dos Corpos com Cristo no dia do Juízo Final, está a ficar “out date“, pois a sociedade está-se descristianizando.
Somos uma sociedade efémera, incapaz de enfrentar a dor e a morte, não me parece uma atitude correta e não me parece nenhuma evolução, antes pelo contrário.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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