Geral Opinião

A luta de Biden e Trump pela paternidade do cessar fogo em Gaza

Os presidente eleito e o atual dos EUA ambos reclamam para si, a paternidade do acordo de cessar-fogo, paradoxalmente estabelecido entre o Hamas, o grupo terrorista com que não se podia negociar, porque os estados não negoceiam com terroristas, e o Estado de Israel, mediado pelo Qatar, Egipto e pelos EUA.

É um bom sinal que ambos reclamem os louros para si, é sinal que, como é normal, os interesses dos estados são perenes no tempo, e não dependem das administrações ou dos governos.

De qualquer forma, quando uma administração cessa funções e outra começa, o sucessor tem de lidar com o que, de bem ou de mal foi negociado pela administração anterior, por ter sido estabelecida em nome dos EUA, ou seja, em nome do estado.

Vamos ver qual será o desfecho final deste acordo, porque senão correr bem, ambos os presidentes descartarão responsabilidades, e deixarão de reclamar a sua paternidade.

Trump quando cedeu o lugar a Biden, entregou-lhe um presente envenenado, o acordo de saída dos EUA do Afeganistão e o consequente fim da guerra, que durava cerca de vinte anos, cuja execução fracassou, porque os talibans inesperadamente invadiram Cabul, e o Exército Afegão colapsou, malgrado ter sido formado e armado pelo Ocidente, o que redundou numa debandada apressada dos EUA do território, facto  que mostrou que a grande potência militar do mundo era também vulnerável, ou seja, deu uma imagem terrível a nível mundial, que ficou com a perceção que os EUA e a NATO tinham perdido a guerra, o que quer queiramos quer não foi a realidade, pois não conseguiram cumprir nenhum objetivo a que se propuseram.

Biden mal entrou em funções foi castigado politicamente com essa derrota, cujos acordos não negociou, e na altura não vi Trump reclamar a paternidade damo acordo, tal como não vou agora ver Biden reclamar, caso a execução do mesmo não decorra conforme planeado, e o ónus deste frágil acordo recairá indelevelmente sobre Trump.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma