O orçamento do estado foi apresentado aos partidos representados na Assembleia da República, e de acordo com o afirmado pelo Primeiro-Ministro no debate do programa do governo, nele não está inscrito nenhum aumento de salários, superior ao comunicado aos Sindicatos da Função Pública, aumentos que servem também de referência aos aumentos dos salários dos privados, negociados antes do início da Guerra da Ucrânia o que, com o consequente aumento da inflação que ela provoca, acrescido ao aumento que já estava conjunturalmente a acontecer, tornará a vida dos portugueses da classe média incomportável, senão houver uma redução da carga fiscal compensatória, ou outras medidas compensatórias mais eficientes que as anunciadas pelo governo, no que toca especificamente aos problemas desta classe.
Pelas informações que disponho, este procedimento de não aumentar os salários de acordo com a inflação, está conforme os procedimentos recomendados pela UE, para tentar conter a inflação, algo que é de certa forma compreensível, no entanto, tal procedimento não tem em conta as diferenças salariais entre Estados-membros, pois se para os alemães a diminuição do seu poder de compra é perceptível mas suportável, para Portugal é o desastre de todas as famílias da classe média.
Eu sei que com o problema da classe média, os governos pouco se preocupam, e por o não fazerem dão oportunidade à extrema-direita de se arvorarem dessa bandeira, fazendo perigar o sistema democrático, como é o atual caso francês, em que Marine Le Pen, ao passar à segunda volta das eleições presidenciais, está a assustar as principais chancelarias europeias e dos EUA.
Muno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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