A Síria é um país, tal como o Iraque, constituído por várias tribos, algumas de diferentes etnias e de diferentes religiões. No entanto a maioria das tribos que habitam o território são árabes, e dentro desta etnia são maioritariamente sunitas, ao contrário do Iraque em que a maioria das tribos são maioritariamente Xiitas. Assad e a família são, no entanto Xiitas alauitas, o que na prática resulta que a maioria das tribos Sunis, não o apoiam nem nunca o apoiarão.
Só 75% do território da Síria é controlado pelo governo Xiita, apoiado pelo Irão e pela Rússia, esta última em troca de duas bases militares, que lhe foram alugadas por Assad por um prazo de 99 anos.
No Norte da Síria, na fronteira com o Iraque, as tribos Sunis são aliadas da tribo do Saddam, e das tribos do Sul do Iraque, tendo por este facto acolhido a sua filha e parte das suas Forças Armadas, aquando da invasão do Iraque pelos EUA. Estas tribos do Norte da Síria juntamente com as suas vizinhas do Sul do Iraque, constituíram as bases do Estado Islâmico, que foi derrotado pelo Ocidente e pelo governo Xiita do Iraque, após uma campanha de destruição, vulgo terraplanagem das suas principais cidades, de que foram exemplo Alepo, e Idlib as primeiras cidades ora reconquistadas pelos rebeldes.
Para além dos Sunis o Norte da Síria ainda alberga os curdos Sírios, numa zona rica de petróleo, em que está colocada uma base dos EUA, para proteger os Curdos e os seus interesses energéticos na região.
Esta amálgama de diferentes tribos e etnias, constituem os vulgo designados por rebeldes, que se juntaram e organizaram um ataque coordenado, para conquistar Idlib e Alepo, e que se estão a dirigir para Damasco, tendo em vista derrubar Hassad.
O desfecho deste descongelamento da guerra civil de 2014, é ainda incerto, no entanto se os rebeldes vierem a conquistar o poder, parece-me que a Síria poderá não ficar melhor, nem de certeza mais democrática.
Qualquer que seja o desfecho desta guerra, a Rússia e o Irão, irão, direta ou indiretamente, apoiar Hassan e a destruição de Islib e Alepo pelas Forças Aéreas destes aliados é praticamente certa.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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