O conflito que se iniciou desde a separação da India do Paquistão em 1947, por causa de Caxemira, já provocou quatro guerras e vários confrontos armados de pequena dimensão, tendo a última delas ocorrido em 1997, um ano antes dos dois países, terem testado com sucesso os seus arsenais nucleares.
Até 2025, e muito especialmente nos últimos anos, os dois países rearmaram-se, e preparam-se técnica e operacionalmente, para um novo confronto armado, ou seja, capacitaram-se em termos convencionais, com armamento tecnologicamente evoluído, de que realço caças e drones modernos.
Na eventualidade da Índia e do Paquistão entrarem novamente em guerra, vão-se pois defrontar, pela primeira vez na história, duas potências nucleares, algo difícil de prospetar há umas décadas atrás, pois de acordo com a doutrina da ”deterrence”, dissuasão vigente, duas potências nucleares, nunca se enfrentariam numa guerra, pois se esta escalasse as consequências para ambos seriam devastadoras.
Uma das lições preliminares, que podemos tirar da guerra em curso na Ucrânia, em que uma das partes, a Rússia, é a maior potência nuclear do mundo, é que a doutrina da “deterrence” se tem aplicado, somente no referente à inibição da Rússia em as usar, apesar de com elas ameaçar, pois sabe que se o fizer, poderá escalar a guerra e esta transformar-se-á certamente num conflito generalizado, sem vencedores, nem vencidos, dado que os aliados da Ucrânia, uma vez que esta não tem armas nucleares, vir-se-iam na obrigação de retaliar.
Até ao momento não foram usadas armas nucleares na guerra na Ucrânia, e não me parece, que as vão usar, nem mesmo as nucleares táticas, pelo que posso inferir, que a teoria da “deterrence”, funciona só para o uso de armas nucleares, mas não evita, como se pensava, que deflagrem guerras convencionais, o que constitui um novo paradigma.
De acordo com a conclusão que supra tirei, sou da opinião de que, se a India e o Paquistão entrarem numa nova guerra, esta será convencional, apesar dos dois contendores serem potências nucleares regionais.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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