O tema que ressuscitou às māos do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, a guerra em África, onde combatemos para manter os territórios no Continente que considerávamos nossos desde que os descobrimos, e que pela sua manutenção quisemos, à força entrar na I Guerra Mundial, começou numa altura em que todas as potências europeias, estavam ou já tinham saído dos territórios africanos, saindo, embora duma forma controlada e com acordos muito favoráveis para ambas as partes que, como no caso francês, foram acordos ainda mais favoráveis do que quando os tinham na sua posse, uma espécie neo-colonização, que parece só atualmente estar a perder força.
Salazar resolveu ir para Angola rapidamente e em força em 1961, na sequência dum horrendo massacre sobre a população branca, prepertada pelos movimentos de libertação tendo iniciado uma guerra em três frentes, que terminou em 1974.
As nossas colónias, em África por serem ricas em termos de recursos naturais, foram alvo de cobiça das duas super-potências, a URSS e os EUA, que queriam controlar esses territórios e assim, digladiavam-se indiretamente entre si, numa espécie de jogo de xadrez, por forma a dominar o maior número de ex-colónias europeias em África, com grande incidência nas portuguesas, tendo ambas as superpotências armado, para o efeito, alguns movimentos de libertação.
Nessa guerra indireta efetuada por Proxis das duas super-potências, Portugal teria, na sua concepção de entregar o poder, mais tarde ou mais cedo, a um dos seus movimentos.
Quando se dá o 25 de abril de 1974, e durante o período que lhe sucedeu até ao 25 de novembro de 1975, os governos de Portugal, muito pressionado, exogenamente pela URSS através do PCP, foi obrigado a descolonizar à pressa e a entregar o poder aos seus Proxis, tendo os Proxis dos EUA, nessa altura, perdido efetiva e politicamente, a guerra nas três frentes, por falta de uma estratégia mal definida desde o início, pois em minha opinião os EUA nāo têm sido muito eficazes em África, e no controlo dos seus territórios, por incapacidade de compreender as idiossincrasias e as peculiaridades dos povos que no Continente habitam.
A descolonização foi mal feita, mas a culpa foi da falta de visão do governo do anterior regime, que insistiu em efetuar uma guerra orgulhosamente só, contra a vontade e sem apoio de nenhuma das duas super-potências.
Quando Portugal saiu de África, Kissinger fez a contabilidade, o deve e haver, tendo na altura dito publicamente, e com consternação, que o resultado da luta indireta que tinha efetuado em África contra a URSS, estes tinham perdido à data do fim da descolonização portuguesa, doze países a favor da URSS, um fracasso plenamente assumido.
Saímos vitoriosos no campo de batalha, mas ingenuamente perdemo-la a favor dos Proxis da URSS, ou seja, na guerra-fria entre as duas super potências, nāo fomos mais que um simples peāo, dum complexo jogo de xadrez.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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