Geral Opinião

A equitação portuguesa e a participação nos Jogos Olímpicos

Foto: Comité Olimpico de Portugal

Portugal está um país cada vez mais distante do nível das nações com mais medalhas nos Jogos Olímpicos por várias razões, que em minha opinião estão relacionadas sobretudo com fenómenos endógenos já que o principal fenómeno exógeno está relacionado com a nossa excentricidade em relação à Europa Central, algo que tem de ser combatido a todos os níveis, tirando dela o seu máximo partido, como o clima ameno no Inverno, e a proximidade de ligação ao norte de África.

Os fenómenos endógenos têm a ver com a nossa incapacidade de organizar e pensar estrategicamente a médio/longo-prazo, para se conseguir estabelecer um planeamento adequado à preparação das equipas, com estágios no estrangeiro, preparação de equipas com um treinador permanente, e um calendário de provas a participar no estrangeiro, dado que em Portugal não há competições, devendo este trabalho caber à Federação Equestre Portuguesa.

Para se conseguir concretizar o referido, é necessário dinheiro, proveniente do Orçamento de Estado, de patrocínios, das quotas dos clubes e dos cavaleiros, bem como de patrocínios, aliados  a uma boa gestão e organização e boas campanhas de Marketing para vender o país, nos mercados internacionais, pois os sucessos desportivos também exercem um factor de atractividade, sendo esse um dos elementos fundamentais do “Soft Power” das Médias-Potências que queremos ser.

Portugal tem que utilizar seu  centro de alto rendimento equestre na Golegã com mais acuidade, para preparar as suas equipas, com os seus respetivos selecionadores, e conjuntos selecionados de todos os escalões, com veterinários, fisioterapeutas, dentistas equinos, ferradores e psicólogos que saibam ajudar os atletas para que estes se superem, bem como para lhes proporcionar conhecimentos técnicos, de psicologia e de fisiologia da equitação e dos cavalos, algo muito importante pois temos de entender as nossas montadas, com os seus receios e medos, por forma a com eles competirem e deles tirarem o máximo rendimento. Enfim é um trabalho longo que tem que ser percorrido, mas que só dessa forma pode ter sucesso.

A nível de provas internacionais temos de conseguir realizar provas de nível Internacional no país, pois todas as que haviam deixaram de se realizar, por vários factores, que não só a da excentricidade geográfica do país, mas também a incapacidade da nossa governança em mantê-los.

As provas como o CSIO de Lisboa, a Longines Cup no Estoril, e as provas que atraíam os melhores cavaleiros do mundo em Vilamoura, debandaram para outros países, pois os nossos operadores turísticos privados, bem como as nossas instituições políticas nacionais e regionais, não percebem, nem querem perceber, que estes eventos direta e ou indiretamente são uma mais-valia para todos os amantes do desporto, e para a rentabilização do nosso parque hoteleiro fora da época festival, pois um país que não investe no desporto e na sua cultura equestre, e não só, nunca deixará de pertencer ao terceiro mundo.

Enfim…

Portugal no seu melhor, um país que não se governa, nem se deixa governar.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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