Geral Opinião

A conversa de surdos do nosso Primeiro-ministro na Cimeira da NATO

Eu percebo que estamos longe, muito longe da Rússia e que por isso achemos que a guerra na Ucrânia está muito longe.

Eu percebo que o país desde sempre tem fracos recursos naturais, embora tenha bons recursos humanos que deita fora, por não saber o que deles fazer.

Eu percebo que a nossa economia e finanças estão com dificuldades, pois não conseguimos aumentar o PIB, e temos uma enorme dívida pública.

Eu percebo que queiramos pertencer à NATO, pois somos um país fundador da Organização, e é uma aliança que nos defende em caso de algum ataque ao nosso território.

Eu não percebo porque assinamos formalmente um documento na Cimeira de Gales em 2014, em que nos comprometemos a despender 2% do PIB em defesa e só despendemos na realidade cerca de 1%, descontando as contabilidades criativas, vulgo fictícias.

Eu não percebo porque é que o nosso Primeiro-ministro vai a Washington e afirma publicamente que vai conseguir despender os 2% do PIB em defesa até 2029, quando nesta mesma Cimeira se discute a necessidade de aumentar a percentagem de investimentos em defesa para 2,5% do PIB de forma a firmar este novo compromisso em 2025.

Parece uma conversa de surdos.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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