Geral Opinião

A banalidade do mal nos dois Teatros de Guerra

Dois horrendos crimes de guerra foram cometidos no mesmo dia, com alguma diferença de horas, nos dois Teatros de Guerra mais importantes e mediatizados da atualidade, nomeadamente o da Ucrânia e o de Gaza.

No Teatro de Guerra da Ucrânia  os Rússia atacaram civis, que no Domingo de Ramos iam para a missa, e no Teatro de Guerra de Gaza os israelitas atacaram deliberadamente o último Hospital no território, ainda inteiro e a trabalhar, dentro dos possíveis, com alguma eficácia.

Ambos os atacantes justificaram os ataques hediondos duma forma muito idêntica, pois ambos alegaram que não estavam a atacar deliberadamente civis, nem hospitais, mas sim a atacar no caso de Summy na Ucrânia militares de várias nacionalidades, que estavam reunidos num local próximo, e no caso do Hospital em Gaza, que por baixo das infraestruturas do hospital, havia um posto-de-comando do Hamas.

Interessante ver que embora a justificação de ambos os casos seja análoga e constituem ambos crimes de guerra hediondos, estes são no caso da Ucrânia normalmente condenados no Ocidente, e no caso de Israel o Ocidente, normalmente não condena por sermos racistas, e ainda temos na nossa mente coletiva uma sensação de culpa pelas perseguições que ciclicamente infligíamos, no passado, aos judeus. 

Perante um caso idêntico temos duas percepções normalmente diferentes, dois julgamentos diferentes.

Enfim, de qualquer forma e citando Anna Harendz, a banalidade do mal, é algo que se percebe que existe, pela parte dos militares, que nos dois conflitos infligem ataques sobre civis, sem pensarem nas consequências nefastas e criminais dos seus atos.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Tags