Geral Opinião

A ascensão dos populismos, a tribalização da Política e o Caos na Ordem Mundial

O pintor moçambicano Butcheca vai realizar uma exposição no Instituto de Camões em Maputo, com o nome de Abraçar o Caos, ótimo título que vou aproveitar, pois em minha opinião, ele carateriza  o estado de desordem do atual Sistema Internacional, que se tenta reordenar, realinhar, criar novas sinergias e novos equilíbrios, para acabar com o atual caos, gerador dos dois grandes conflitos atuais, pois sendo a estratégia inimiga do vazio, estamos no seu domínio, no domínio do poder, no domínio da coação, enfim no domínio do Realismo, estamos por esse motivo muito longe da solução de conflitos por via diplomática.

Neste vazio de poder Netanyahu, potenciado pelas eleições americanas, a ainda potência dominante, está a ter a sua janela de oportunidade de conseguir atingir o seu objetivo político, de destruir o Irāo, cujo objetivo político é semelhante, e para o conseguir está a colocar em prática o seu planeamento estratégico, que começou por destruir, o que designa pelos  seus “Proxis”, na sua vizinhança próxima, com várias fases não sequenciais, que passam pela eliminação física dos seus dirigentes, numa verdadeira caça ao homem, e ocupando fisicamente, no caso do Hamas Gaza, e no caso do Líbano, pelo menos o seu sul, fazendo terraplanagem dos seus centros urbanos, para evitar confrontos de guerrilha urbana, sempre muito onerosos em termos de baixas.

Claro que o PM de Israel vai aproveitar também o atual caos, para executar o seu plano de destruir e desestabilizar economicamente o Irāo, e decapitar as suas lideranças, esperando, talvez por milagre que a teocracia iraniana, volte a dar lugar a um outro sistema de poder, liberal e democrático.

A guerra no Líbano estendeu-se praticamente a todo o país , pois sendo o Herzbollah um grupo de guerrilheiros, que nasceu durante a última ocupação do Líbano por Israel, e para Israel combater, mas que também é uma Organização de Apoio Social, e um partido político, com grande poder no Parlamento Libanês, que está por esse motivo disseminado , com distintas estruturas, pelo território libanês, muito especialmente em Beirute e no sul do Líbano, o que implica que para o destruir é necessário atacar quase todo o seu pequeno território, pelo que temo que o mesmo, provoque um grande número de vítimas civis, bem como que fique com o seu edificado todo destruído, para além de ficar sem o sul do seu território.

A tribalizaçāo da política que é normal nos países árabes, em que as etnias e as tribos, têm milícias armadas, que se aliam por motivos religiosos, e que têm partidos políticos próprios , sem ideologia, derivados apenas dessas alianças étnico-tribais, infelizmente e com a ascensão dos populismos, parece estar a disseminar-se inclusive nas democracias liberais, onde Trum tem sido o modelo.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma,

Tags