Todos os anos me desloco à Arco Lisboa, com esperança de encontrar artistas emergentes, com obras criativas arrojadas, que me transmitam linguagens novas, ou novas interpretações da mesma, e com elas novas formas de me descobrir a mim mesmo, algo que toda a verdadeira arte nos deve proporcionar quando a observamos.
A arte não precisa de ser bela, até porque o conceito de belo intimamente ligado ao de estética, é algo que diverge de pessoa para pessoa, é subjetivo, enfim é um conceito filosófico, ao qual todos os filósofos se dedicaram, a tentar perceber e definir desde a antiguidade clássica até aos nossos tempos, sempre de formas e maneiras diferentes, conceitos que tal como os conceitos de arte, foram evoluindo, porque toda a arte parte também de um conceito, e é com base nele, que se vão desenvolvendo obras diferentes, que expressam a forma como o artistas o vão interpretando.
A arte tem que nos interprelar, fazer pensar, meditar, descansar, enfim despertar, através das suas diversas formas de expressão artística, a pintura, a escultura, a música, os nossos sentimentos, através dos nossos sentidos.
Dito isto achei que a ARCO, como sempre tem galerias a mais, em termos de número e de obras, que provocam nos visitantes, amantes de arte como eu, uma sensação de sufoco, frustração e pena, por não podermos apreciar as obras com tempo, para as sentirmos interpelarem-nos, desafiarem-nos, e pelo contrário fazem com que nos percamos, e queiramos sair rapidamente, fugir do insuportável calor das instalações, sem ar condicionado industrial, algo inadmissível nos tempos que correm , e nesse afã por sair, passamos rapidamente por todas as galerias a “ vol de oiseau”, embora por vezes no meio das milhares de peças, pelas quais fomos passando , as que nos acabaram por impressionar, e fazer, mesmo assim interromper a fuga, e deter perante elas, mesmo sem à partida conhecer a sua autoria, foram as obras de alguns dos artistas já consagrados, que diversas galerias apresentaram, tais como as obras de Calapez, Croft, Paula Rego, Cabrita Reis, enfim aqueles que da da lei da morte se libertaram , ou libertarão certamente, quando falecerem, por derem geniais, e o génio reconhece-se sempre.
Este ano, ao contrário de outros, onde descobri Cristiano Mangovo, Butcheca e Vidal, artistas que fui acompanhando a sua evolução, desde que surgiram no mercado , com novas linguagens de que me fui enamorando, até ao ato emocional da compra duma das suas obras, infelizmente não houve nenhum artista dos emergentes, cuja obra me chamasse, me interpelasse, para dela ou doutra do artista, me vir a enamorar, e posteriormente a vir a comprar, bem como não vi novos conceitos e linguagens que me interpelassem intimamente.
Infelizmente, a maioria das galerias eram Ibéricas, o que é uma pena, pois seria interessante, abrir a feira ao Universo, quiçá todos os anos dedicá-la a um país diferente, para dar a conhecer novos artistas, com novos conceitos, novas linguagens ou interpretações da mesma embora de formas distintas.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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