Na crónica de ontem falei sobre o perigo das ditaduras de direita, na sequência do acordo entre o PSD e o CHEGA, e expliquei como normalmente as ditaduras de direita chegavam ao poder.
Nesta crónica, a pedido de muitos leitores, vou abordar como se têm implantado a maioria das ditaduras de esquerda, que sendo ditaduras, autocracias, não são melhores nem piores que as de direita, mas que normalmente se implantam de forma distinta.
Marx preconizou no século XIX, que a luta de classes entre o operariado e os detentores do capital, era o motor da história, ao desenvolver a dialética Hegeliana de acordo com o que observava, na altura do despontar da revolução industrial, época em que viveu.
Essa teoria filosófica e económica, desenvolvida na sua bibliografia, de que destaco o livro “O Capital”, adaptada por Lenine que, na sequência da Revolução Russa que liderou contra a tirania dos Czares, deu origem à ditadura do proletariado.
Na China a teoria Marxista-Leninista foi modificada por Mao, que nela baseada desenvolveu a sua doutrina, sumarizada no célebre livro “Vermelho de Mao”.
O Maoismo na China foi implementado após a longa marcha protagonizada por Mao e a sua Revolução Cultural, um levantamento popular contra a tirania imperial.
As outras ditaduras de esquerda existentes na Europa foram implementadas, em países ocupados pela Rússia, na II Guerra Mundial e que, após a divisão da Europa em Yalta ficaram sob sua alçada, passando a integrar com esta o Pacto de Varsóvia.
Em África e na América latina, a maioria das ditaduras de esquerda, surgem como consequência do jogo de xadrez geopolítico das super potências saídas da II Guerra Mundial, nomeadamente entre os EUA e a URSS, que se digladiavam entre si por interpostos parceiros estratégicos, alguns deles movimentos de libertação colonial, tendo em vista o acesso a recursos naturais e poder.
Portugal Continental e as suas possessões ultramarinas foram palco deste jogo geopolítico entre as duas super potências, tendo esta luta no continente terminado a 25 de Novembro de 1975.
Quero com recurso à história referir que, tanto os EUA como a URSS, defendiam e implementaram ditadores de sinais opostos, um pouco por todo o mundo. Roosevelt referindo-se aos seus ditadores referia amiúdes vezes, que eles eram umas bestas, mas que eram as nossas bestas.
O Xadrez Geopolítico entre potências continua atualmente a ser jogado, com mais uma potência que, se quer afirmar globalmente a China que, tem optado por controlar os estados, principalmente através da captura das suas economias.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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