Geral Opinião

É vital para a UE assinar em janeiro um acordo com o MERCOSUL

Houve duas tentativas quase simultâneas de se estabelecerem laços transatlânticos perenes.

A primeira foi com Obama, que quis transformar a NATO numa comunidade económica com a União Europeia, num caminho inverso ao da própria UE, que começou pela economia e está agora a construir a sua Defesa.

Esta tentativa não vingou porque a burocracia europeia cumpriu a sua função, e os regulamentos, sobretudo os relativos aos cereais transgénicos, funcionaram como um grande travão, ou seja, a não prossecução desse objetivo não foi política, mas burocrática. Esta transformação teria evitado alguns dos problemas com que presentemente nos deparamos, pois teria havido uma grande harmonização com os EUA. No entanto, os agricultores e os seus receios influenciaram decisivamente esta recusa.

A outra ligação, com o MERCOSUL, está em negociação há cerca de 25 anos e, em minha opinião, esta ligação institucional desenvolveria muito as relações com toda a América Latina, criando um mercado de cerca de 700 milhões de consumidores. Mais uma vez, são os agricultores, em particular os produtores de carne, que têm conseguido evitar esta nova parceria.

Quer uma, quer outra, eram fundamentais e estratégicas para a União Europeia. A primeira já não é prioridade para nenhum dos lados; a segunda, no entanto, ficou com a decisão adiada para janeiro, e temo que, novamente, os revendedores e produtores de carne tentem inviabilizá-la.

Os interesses estratégicos e de longo prazo devem prevalecer sobre interesses setoriais e devem ser assumidos pelos verdadeiros líderes. Recusar decisões não por motivos políticos e estratégicos, mas escudando-se na regulamentação, é falta de coragem política para assumir as decisões de frente.

Nuno Pereira da Silva

Coronel na Reforma