A propósito de uma alegada fuga de informações da Rússia segundo a qual o objetivo de Putin não seria apenas conquistar a Ucrânia, mas também reconquistar o espaço da ex-URSS, este objetivo é plausível porque, como sabemos da História, Putin sempre afirmou que a queda da União Soviética foi o pior desastre do século XX para a Rússia.
A reconquista desses países para a área de influência russa poderá não necessitar de qualquer invasão militar, mas sim do apoio a partidos nacionalistas e populistas de direita e, simultaneamente, da infiltração nos sistemas eleitorais, conseguindo inverter ou falsear os resultados a seu favor. Isto é algo que, em minha opinião, já está a acontecer, pois a Hungria, a Chéquia e a Eslováquia encontram-se já, embora não de forma declarada, nessa área de influência. As suas atitudes no seio da União Europeia são mesmo, a meu ver, atos de subversão incentivados por Putin. A Roménia encontra-se numa situação em que a democracia foi suspensa, devido à desconfiança de que as eleições terão sido manipuladas pela Rússia.
O objetivo na Ucrânia é também o de forçar a realização de eleições, mesmo em tempo de guerra, para as manipular e colocar no poder um fantoche do Kremlin.
Os Estados Unidos, ao apoiarem explicitamente partidos de direita nacionalista, estão a contribuir de forma significativa para os objetivos de Putin.
Ambos pretendem a destruição da União Europeia e, mesmo que não estejam coordenados, estão a consegui-lo.
Estes países, quando aderiram ao bloco ocidental, fizeram-no voluntariamente; hoje, talvez o façam sob coação ou por manipulação.
Em termos estratégicos, parece-me que existe uma convergência de interesses entre os Estados Unidos e a Rússia no objetivo de destruir a União Europeia. Já terá havido mesmo uma nova divisão do mundo: deixar que a Rússia conquiste os territórios das suas áreas de influência, o que significa voltar a permitir que ocupe parte da Europa; permitir que os Estados Unidos façam o mesmo nas Américas e na Gronelândia; talvez deixar a China tomar Taiwan, entregando o Médio Oriente aos Estados Unidos e a África à China e à Rússia.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma












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