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Conto de Natal: “A Noite em que a Vila respirou Magia”

Estávamos a aproximar-nos da Vila Natal quando o ar pareceu prender a respiração. Num instante quase silencioso, algo impossível aconteceu: das nuvens começaram a surgir renas luminosas, pousando com elegância entre as casas enfeitadas.

Logo depois, um coro de vozes celestiais encheu o espaço, cantando canções de Natal e outras melodias que pareciam vir de muito antes do tempo. 

Na pista de gelo, duendes deslizavam com tanta leveza que quase não tocavam o chão, e a cada volta deixavam um rasto brilhante.

Perto dali, a trupe Vadia animava a vila, fazendo o povo dançar como se todos já se conhecessem. À sombra das luzes coloridas, um grupo de Vikings oferecia hidromel, vinho quente e bebidas que aqueciam o corpo e a alma. Pelo caminho, o aroma dos frutos secos tostados guiava os visitantes até às bancas tradicionais.

Havia também uma banca especial, decorada com caras de duendes. Quem ousava encará-las nos olhos recebia de volta uma gargalhada viva, como se as máscaras tivessem um segredo para contar. 

Soldados de chumbo gigantes guardavam tudo, imóveis mas atentos, garantindo que a magia corria sem interrupções.

Um boneco de neve sorridente indicava direções, guiando famílias e curiosos. No carrossel, as figuras começaram a desprender-se do eixo, levantando voo e girando pelo espaço, como se aquela fosse a noite em que tudo o que é imaginação recebia permissão para existir.

E então, tão depressa como começou, a vila voltou ao normal. As renas desapareceram, o coro silenciou, o carrossel acalmou. Ficou apenas uma dúvida suave no ar: será que tudo aconteceu mesmo?

Talvez. Ou talvez o Natal na Vila seja exatamente isto, uma magia que se revela a quem acredita que o mundo pode ser diferente, nem que seja por um momento.

E no Natal na Vila de Mafra, basta olhar com atenção para perceber que a magia nunca foi embora.

(Fotos realizadas em Mafra no “Natal na Vila” com a atuação do Coro de Câmara do Conservatório de Música de Mafra e do grupo ViraVadio)

Fotografias e texto de Carlos Sousa/ KPhoto