Vivemos num tempo em que a autocensura deixou de ser apenas social. Hoje resulta do medo de sanções digitais e financeiras capazes de restringir ou apagar a identidade digital de qualquer cidadão. Num mundo em que tudo passa pela rede, perder o acesso digital significa ser empurrado para o ostracismo.
Os Estados Unidos, detentores da maioria das infraestruturas digitais e financeiras globais, exercem um poder de coerção quase sem esforço. Sem tanques, sem exércitos e sem polícia política, basta um clique algorítmico para condicionar comportamentos. O país das liberdades tornou-se o centro de um sistema que leva indivíduos e governos à autocensura e à acomodação.
Este neocolonialismo invisível molda a informação, a identidade e a própria soberania dos Estados. A censura tecnológica e financeira, subtil e aparentemente neutra, aproxima as democracias de modelos iliberais, limitando a liberdade individual e coletiva.
Defender a soberania digital e a livre circulação das ideias é hoje uma exigência ética e um imperativo democrático. É proteger a dignidade humana face a um poder que se exerce pela gestão da informação e pela imposição do silêncio.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma












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