Opinião

Rui Pinto, o novo Robin dos Bosques?

Rui Pinto não é o Robin dos Bosques dos tempos modernos. O procedimento que teve, de entrar em sistemas informáticos sem estar autorizado, roubar dados e com eles fazer chantagem, se ficar provado em tribunal, consubstancia um comportamento criminoso, doloso e como tal tem de ser julgado. Se vai ou não ser condenado a decisão é sempre exclusivamente do tribunal, que julga de acordo com as provas, legalmente obtidas, que lhe forem apresentadas.

Num estado de direito democrático há órgãos de investigação criminal que, têm a missão de investigar, e para poder fazer escutas telefónicas ou entrar em sistemas informáticos alheios, para recolher dados ou documentos digitalmente, só o podem fazer com autorização judicial, e só essas poderão contar em tribunal.

Num estado democrático e de direito, com eleições livres e justas e separação de poderes, os tribunais são um poder independente e são a eles quem cabe, e não aos jornais nem à opinião pública, decidirem de acordo com a lei.

Toda a informação que Rui Pinto possui, dispersa em várias plataformas, por muito importante que possa ser, por parecer conter alguns procedimentos menos lícitos e eventualmente de corrupção, conseguiu-o de forma dolosa e criminosa, não fazendo por essa razão, prova em tribunal, pelo que de nada servem.

Querer fazer dum pequeno criminoso um herói, somente nestes conturbados tempos de pandemia em que tudo parece poder ser posto em causa, é uma perfeita insanidade.

Roubar documentação, dados confidenciais e mesmo pessoais, em posse de gabinetes de advogados é ilegal e criminoso, pois este só pode ser efetuado unicamente por órgãos de investigação criminal, com mandato judicial, razão pela qual concordo em absoluto com José Miguel Júdice, quando este diz que Rui Pinto é um ladrão.

A atoarda que Rui Pinto hoje proferiu ao afirmar que os advogados são ladrões, porque defendem ladrões é grave, e constitui uma afronta à dignidade da classe.

O populismo com que está a defender-se não é aceitável. Rui Pinto está a ser julgado, de acordo com as leis da República, compete agora aos juízes a decisão, e se o seu crime tem ou não atenuantes ou agravantes.

Agora é o tempo da justiça.

Nuno Pereira da Silva

Coronel da Infantaria na Reserva