A falta de duas estruturas de controlo e coordenação, uma a nível político e outra de experts, que controlem e coordenem a estrutura existente de comando dos fogos florestais, é, em minha análise, a razão de ser de toda a descoordenação que existiu na crise que vivemos e que ainda estamos a viver no Centro e Norte de Portugal.
Esta lição, tirada na I Guerra Mundial, funcionou bem, porque em cada nível político, estratégico, operacional e tático havia, em paralelo à estrutura de Comando, estas duas estruturas de Controlo e Coordenação, que garantiam que, em termos políticos e de expertise, havia uma permanente ligação.
Este modelo pode e deve ser replicado no combate aos fogos florestais em Portugal, quer para que a tutela política, quer os especialistas possam estar em cima da situação, não para substituir o Comando, mas para acompanhar, sem ser pela televisão, e eventualmente tomarem decisões políticas atempadamente, tal como acionar o pedido de socorro europeu.
Estas duas estruturas não interferem no Comando, que se pode e deve dedicar a comandar numa estrutura única de Comando, que, quando está em ação, como todos os comandantes disseram, não tem tempo de coordenar, só tem tempo de colocar os meios no dispositivo de ataque aos fogos.
A NATO, no pós-guerra, não seguiu este modelo porque o Comando, sempre dos EUA, nunca quis ser controlado nem coordenado por nenhuma estrutura aliada, muito embora a tivesse e ainda tenha a nível informal, através do staff americano existente, nomeadamente em estruturas a que os aliados não têm acesso por serem exclusivamente americanas. E, diga-se em abono da verdade, nunca teve de intervir como um todo em nenhum Teatro de Operações.
As estruturas para ataque aos fogos têm de ter como modelo as estruturas militares e as lições aprendidas em guerra, porque não é à toa que, na maioria dos Estados, esta área se chama defesa civil e não proteção civil.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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