Damasco, a capital da Síria, está novamente a ser atacada por Israel, sob o pretexto de estar a proteger os drusos sírios nas cercanias dos Montes Golã, que, de acordo com as autoridades militares israelitas, estavam a ser atacados por forças do novo regime sírio.
Aparentemente, Israel arranjou um bom pretexto para ocupar mais território à Síria e constituir uma zona de tampão mais alargada para proteger as suas fronteiras e, simultaneamente, desgastar o novo regime sírio que, apesar de tudo, começava a ser reconhecido com alguma legitimidade internacional, estando mesmo a conseguir levantar algumas sanções internacionais.
Israel não quer, de maneira nenhuma, ter estados fortes como vizinhos e, através de reacender conflitos étnicos e clânicos, vai conseguindo paulatinamente os seus objetivos.
Subi aos Golã com um general que, quando era capitão, participou na conquista deste território, anexado unilateralmente por Israel em 1968 e só reconhecido pelos EUA cerca de vinte anos depois. Constatei que, do planalto existente no cimo destes montes, avistavam-se as cercanias de Damasco, e que neles está a nascente do rio Jordão, imprescindível para o fornecimento e armazenamento de água em Israel, razão pela qual nunca sairão dos Golã.
Na viagem guiada até ao planalto no alto dos Golã, observei a existência de muitos armazéns enterrados nas rochas que, de acordo com o general, eram verdadeiros depósitos de carros de combate, peças de artilharia, entre outros. Ou seja, alguns seriam inclusive unidades em alta prontidão para eventualmente entrarem em confronto com os sírios.
Os drusos, habitantes da região, são em 90% sírios e constituem mais uma nação sem pátria na região fronteiriça entre o Líbano, a Síria, Israel e a Jordânia. No lado ocupado, já existem colonatos com cerca de 30 000 israelitas, estando a ser construídas habitações para mais 20 000.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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