Geral Opinião

O Wokismo e o anti-Wokismo

Todas as pessoas comuns, que nasceram num país de matriz judaico-cristã, e católicos por convicção, ou por tradição, tendem a não concordar, com a imposição de certas ideologias de género, bem como a da apologia do aborto como forma de contracepção, ou porque não dá jeito dar à luz uma criança, e a da eutanásia como alternativa aos cuidados paliativos, em que o Estado não investe, no entanto, tal como não gostamos que nos imponham ideologias, também não devemos impor a nossa moral baseada na religião, que não deixa de ser, no limite, também uma ideologia aos outros. Acredito por isso, que como católico que sou , tenho de ser tolerante com as ideologias dos outros, pois a tolerância é uma das bases da nossa religião.

O problema relativamente a estas ideologias, autodenominadas por movimentos como o ”black lives matter” e pelo ”me too”, por cultura ”Woke,” infelizmente é complexo, pois  pessoalmente não concordo com a cruzada de Trump contra o Wookismo, nem concordo com a imposição dessas ideologias que supra referi, pois a tolerância é para mim a palavra -chave para resolver esse problema, que só pode ser resolvido nas democracias liberais laicas e inclusivas,  pelos nossos representantes eleitos, que têm de ser tolerantes, ter comportamentos éticos e não morais, e legislar para todos, respeitando os direitos humanos, incluídos na nossa Constituição nos direitos, liberdades e garantias, que são semelhantes aos das da maioria dos países democráticos.

Como Católico convicto que sou, devo cumprir as leis da Igreja, mas não posso nem devo impô-las aos outros, e quando a minha filha, na Faculdade de Letras  da Universidade de Lisboa teve uma cadeira de ideologia de género, tive a oportunidade de com ela falar sobre este assunto, e verifiquei com orgulho,  que os jovens universitários têm atualmente um pensamento bem estruturado e crítico, muito maior do que aquele que eu tinha na idade dela, quando frequentava a Academia Militar, cujo ensino era muito conservador em termos de costumes , tal como a Instituição militar em que servi, instituição que durante o tempo do serviço de conscrição ainda enviava os homossexuais para a psiquiatria, para serem posteriormente afastados das fileiras, algo que hoje já tolera, tendo o tema deixado  de ser tabu , e passou a ser usual , verem-se alguns casais de militares, sobretudo femininas, de mão dada e assumindo a sua homossexualidade nos Quartéis.

A primeira vez que como militar ouvi falar dum transexual nas FFAS, foi a um camarada do Reino Unido, há cerca de vinte e cinco anos, no grupo europeu a que  pertencia, e recordo-me ter ficado atónito e incrédulo, no entanto após ter refletido um pouco, e tentado  olhar para o problema duma perspectiva puramente operacional, o que interessa às FFAS é que os militares sejam eficientes e eficazes, independentemente do género porque optaram.

Visto da perspetiva puramente operacional , tenho-me interrogado  por isso , sobre qual a razão pela qual Trump , expulsou das filairas todos os transexuais que serviam nas FFAS dos EUA, alguns deles veteranos e com provas dadas, a não ser que a razão tenha sido exclusivamente religiosa,  e de preconceito.

Como todas as teses o Wokismo , deu origem á sua antitese, o anti-wokismo de Trump, que oor sua vez, como nova tese que é, dará origem a uma nova antítese, e com esta dialética o mundo vai avançando. 

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma