O escritor Brasileiro Sarassuna costumava dizer que adorava os doidos e os bons mentirosos. Adorava os doidos porque tal como os bons escritores, observavam a vida de outra perspectiva, diferente das das pessoas ditas normais, e os bons mentirosos porque criam novas narrativas, que não sendo verdadeiras, são verosímeis, tal como as narrativas de um bom escritor de ficção, cujos enteados não são obrigatoriamente verdadeiros, e que se podem ou não, basear na realidade, ou seja, são uma espécie duma realidade paralela do mundo virtual.
Trump personifica exatamente e numa só pessoa, o doido e o bom mentiroso, com uma grande diferença é que não é um autor de ficção, é o Presidente da maior potência do mundo, que da sua forma peculiar vai mudando o mundo, embora o romance que está escrevendo, em minha opinião, seja de tal forma disruptivo, que tem assustado e surpreendido todo o mundo, as suas novas narrativas e com as suas percepções enviesadas e contraditórias.
É difícil em termos de análise estratégica perceber quais são os pressupostos em que se baseia o seu plano para o mundo, bem como quais são as suas enviesadas percepções, que o influenciaram, pois parece que não têm nexo.
Há quem afirme que Trump está a atirar o barro à parede para ver se cola, e se colar, ganhará sempre qualquer coisa em seu benefício, quer este seja um benefício para o tesouro dos EUA, quer seja um benefício, pouco ético, pessoal.
A inconstância do discurso, de Trump é um verdadeiro paradigma, a estudar futuramente pelos cientistas políticos, dado que num dia faz uma afirmação e no outro, ou passado umas horas o seu contrário.
É exemplo do que afirmei as suas alusões à Ucrânia, em que em determinada altura afirma que quer ter acesso às terras raras da Ucrânia, como pagamento do apoio americano à guerra, terras essas que existem essencialmente no Dombass, praticamente já todo conquistado pelos russos, como o quer entregar à Rússia, enquanto no entretanto afirma que não lhe repugna que um dia a Rússia, venha a conquistar toda a Ucrânia, reconhecendo que a posse do seu território, na prática, é um direito histórico da Rússia.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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