Geral Opinião

E se Trump quiser que os Açores sejam a 51 estrela?

Foto: Getty Images

Trump quer a Gronelândia para explorar os recursos minerais que se presume existirem no sub-solo do Ártico, e controlar as rotas marítimas do Ártico, que com o degelo, passou a ser a rota mais curta a ligar os continentes, bem como para instalar mísseis balísticos, orientados para a Rússia, sem se importar se a Dinamarca seja sua aliada na NATO, instituição que visceralmente despreza.

Com base neste desiderato de Trump, que podia, negociando com a Dinamarca, sem a ameaçar do recurso à força, conseguir como aliado na NATO, instalar bases militares da organização, ou mesmo mais americanas, parece querer provocar ou a rotura da aliança, e afirmar o demonstrar que o seu poder internamente e externamente é absoluto, e que à semelhança da Rússia e da China, não reconhece fronteiras, nem o direito Internacional.

Começou uma nova era Imperial, em que as potências, invocando questões de segurança, históricas, ou outras, ultrapassam fronteiras, como é o caso da Rússia na Ucrânia, de Israel e da Turquia no Médio Oriente e da China em relação a Taiwan, ou seja, parece-me que começou uma nova era, a era dos Impérios.

Trump poderá desta forma, se quiser , pois parece não respeitar alianças, e se lhe convier em termos estratégicos, invadir qualquer país, ou qualquer arquipélago de outros países, como é o caso dos Açores, cuja posse lhe garante o controlo do Atlântico Norte,  algo relevante para a sua Segurança, pois a partir do arquipélago, pode controlar os submarinos das armadas concorrentes, salvaguardar a segurança dos cabos submarinos que ligam a Europa, EUA e África, bem como em caso necessite de transportar forças para a Europa, para África, e para o Médio Oriente, muito embora a Base de Jota em Espanha e o raio de alcance dos novos aviões, tenha diminuído a importância do arquipélago. 

Os chineses já tentaram controlar estas rotas, pois inserido na sua estratégia, têm construído e concorrido à gestão de portos comerciais, tendo tentado construir um Porto comercial na Ilha Terceira, que Portugal recusou, facto que nos pode ter salvo agora, desta fúria de Trump, de controlar “check points”, e negá-los ao controlo dos chineses.

Como sabemos as empresas chinesas são detidas e controladas pelo Estado Chinês, pelo que a Estratégia dos EUA, tem de passar pela  oposição a que eles estabeleçam as suas empresas em setores estratégicos e em posições estratégicas, negando-lhes a sua ambição de controlar o mundo.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Tags