Geral Opinião

O perigo do Estado Islâmico

Foto: Globo

Em 2010, quando estive no PMNOC, o gabinete de guerra do primeiro-ministro do Iraque, detetámos pela primeira vez elementos da AlQaeda vindos da Arábia Saudita, a atuar na segunda cidade mais importante do Iraque, Mossul, na região das tribos sunitas do Iraque, que faz fronteira com a Síria, onde também existem várias tribos sunitas, e em que algumas delas sāo as mesmas dos dois lados da fronteira, pois as fronteiras dos estados traçadas pelo Ocidente sāo completamente artificiais.

Relembro que Saddam Hussein pertencia a uma tribo sunita do Norte do Iraque, e que todas as tribos têm um chefe, uma milícia armada, e administram a justiça nos seus territórios, e que mesmo nas grandes cidades habitam em bairros distintos, bem como estabelecem alianças entre si, quando há interesses comuns.

O PMNOC sabia e tinha registo de que parte  do Exército leal a Saddam armado e equipado, bem como que parte da sua Força Aérea tinha passado para a Síria, e que estava na região Norte, que faz fronteira com o Iraque, e que parte da fortuna saqueada por  Saddam, tinha seguido com uma sua filha, que nessa região tinha sido acolhida.

Alguns dissidentes do Al Qaeda, juntamente com as tribos Sunitas  que se aliaram, do Iraque e da Síria, fizeram de Mossul a sede do Califado do Estado Islâmico, cuja fronteira se estendia pelos dois artificiais Estados.

O Estado Islâmico foi derrotado pelos Curdos, Forças Armadas da Síria e pelas Forças Aéreas Ocidentais, tendo estas últimas terraplanado Mossul, todas as cidades do território, e destruído todo o equipamento pesado coletivo do ex-Exército de Saddam.

Naturalmente que apresar de derrotadas, as tribos sunitas continuaram a habitar os territórios, que sempre habitaram, e conseguiram continuar a ter uma região na Síria, nunca controlada por Assad.

É desta região que as milícias tribais, estão agora com a queda de Assad, a tentar expandir-se, algo que a acontecer, fará com que queiram eventualmente, participar no novo poder que se irá estabelecer na Síria, e tentar transformá-la num novo Estado Islâmico, pelo que é necessário tudo fazer para o evitar e eliminar, missão que Israel e os EUA estão a cumprir efetuando diariamente, desde a queda de Assad, vários raides aéreos, sobre estas milícias ou grupos terroristas.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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