Desde os finais do século passado que a Ericeira tem ganho protagonismo no que diz respeito a ser um destino de eleição, e sem dúvida que a última década permitiu uma expansão que teve impactos bastante positivos não só na vila como em toda a região de Mafra. Infelizmente, a pandemia CoViD-19 parece ter despertado alguns demónios entre os quais as quebras significativas no turismo e deste modo parte da economia ericeirense poderá ser afectada com consequências que todos nós conhecemos, como o desemprego, insolvências, quebras de faturação entre outras coisas menos apetecíveis.
Nesta crónica, uma vez mais, tentaremos procurar soluções para que o turismo que tem a Ericeira como destino possa atravessar esta tempestade e sem dúvida chegar a bom porto. Para tal analisaremos alguns fatores chave que podem ajudar a evidenciar todo o potencial que a nossa região tem. Naturalmente, o primeiro pensamento que nos vem à mente é, “A Ericeira fala por si”, e é verdade, mas num período onde todos se gladiam por cada turista temos de ser menos presunçosos e mais proactivos.
O turista moderno procura ter experiências locais, já não se limita a ver património ou adquirir um pacote de aulas de surf e voltar para o alojamento. Uma forma de ultrapassar esta situação é através da criação de ofertas cruzadas, por exemplo, um cliente que fique no meu hostel recebe um voucher para ir a um restaurante de excelência, entradas com desconto na Tapada de Mafra, entre outras oportunidades para conhecer a região de forma controlada. E porquê de forma controlada? Os comerciantes e operadores locais poderão validar junto dos clientes a qualidade das experiências, e se um determinado serviço não corresponde às expectativas, esse fornecedor deixa de fazer parte do ecossistema de recomendação de experiências.
No que diz respeito à promoção da região em alturas de CoViD-19 é essencial garantir o selo “Clean and Safe”. Sem entrar em alarmismos, mas o nosso cuidado com as normas da DGS e OMS podem e devem ser levadas a sério; ainda que a nossa opinião pessoal seja de algum repúdio para com confinamentos, a mensagem que passa é “estamos preocupados com a segurança de todos!”.
Outro dos fatores-chave que parecem surgir no horizonte são os relacionados com o ambiente. Ericeira rima com mar e surf, mas será que rima com sustentabilidade ambiental? Existem milhares de spots de surf no mundo, mas locais com a intensidade turística que a Ericeira tem que se possam apresentar como locais verdes e amigos do ambiente já não é tão líquido. Muitos dos turistas que chegam à Ericeira vêm do Norte da Europa, onde o tema ambiental é levado com maior seriedade, portanto o cumprimento de normas como reduzir, reciclar e reutilizar elevarão ainda mais o patamar no qual a Ericeira já se encontra.
No que diz respeito à atração de eventos, ou visitas de pessoas de renome na área do surf, a Ericeira tem feito um trabalho exemplar e nesse aspecto devemos continuar a apoiar quem tem conseguido promover a Ericeira a ponto de ser Reserva Mundial de Surf.
Mas existe uma área que necessita de ser optimizada, a mobilidade dos turistas. Se queremos atrair turistas que visitam Lisboa e Sintra, é essencial que as ligações sejam cómodas e adequadas. O novo terminal rodoviário é um excelente passo e a dinamização do Ericeira Beach Bus é uma fantástica iniciativa, mas fraca disponibilidade de ligações é um tema que não deve ser descurado. A modernização da Linha do Oeste com um Shuttle Estação – Mafra – Ericeira seria sem dúvida uma opção a ponderar.
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