Putin ameaçou a Ucrânia, com uma retaliação, desta vez já não com armamento nuclear, mas com armamento convencional, tão potente que em termos de resultados, seria igual ou superior ao armamento nuclear, com uma diferença, que não é despicienda, de que esta arma, por ser convencional, não libertava radiações.
A descrição que fez, tanto dos mísseis que transportarão estes explosivos, como dos explosivos em si mesmos nas diversas cabeças MIRV, que sairão da ogiva do míssil, é uma descrição mirabolante e surreal, ao afirmar que este nas suas múltiplas cabeças, e a potência de cada uma seria tão grande, que por esse motivo seriam interceptáveis, por qualquer sistema de armas ocidental, bem como que provocaria uma destruição nunca vista, algo difícil senão impossível de ser concretizado atualmente, pois o peso e a dimensão dum só míssil para carregar essa enorme quantidade de explosivos convencionais capazes de provocar tais danos, seria tão elevado, que este não teria capacidades de voar e os transportar.
Enfim, o bluff de Puttin é tão grande, que se assemelha ao bluff que Reagan fez, quando durante o seu mandato falou publicamente do escudo anti-míssil inviolável, que os EUA tinham desenvolvido, que anularia a capacidade nuclear da URSS, facto que na prática, se já existisse na altura, abalaria toda a dissuasão nuclear que se baseia e baseava, no princípio da destruição mútua, em caso de qualquer ataque nuclear por uma das partes.
A descrição que Putin fez do seu armamento parece mais uma passagem do antigo testamento, do livro do Apocalipse, do que um discurso político, ou seja, é algo que não pode ser levado, ainda, a sério.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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