A UE já tem várias velocidades, várias geometrias de integração e vai ter que criar mais uma especificamente para a defesa.
A União Europeia, durante o próximo mandato da Comissão que coincide com a a Presidência do Conselho de António Costa, tem que aprofundar a sua defesa por forma a torná-la autónoma em relação à NATO, para isso parece-me que alguns dos Estados-membros, que o pretendam fazer, terão de formar um grupo mais coeso, em que nem todos tenham que integrar, à semelhança dos estados que firmaram o acordo de Shengen e os que aderiram ao EURO e que formaram o Euro group, grupo esse que se poderia designar por Eurodefence, muito embora esta designação já exista num grupo com outras caraterísticas.
Com a formação desse novo grupo obviava-se a necessidade do Consenso no Conselho a 27 Estados-membros, consenso esse que tem sido um obstáculo quase intransponível, quando há necessidade urgente de se tomarem decisões.
Em termos estratégicos, a UE vai ter necessidade de criar um Quartel General de valências semelhantes ao SACEUR, estrutura fundamental para garantir a autonomia da UE em relação à NATO.
Além desta estrutura a UE tem que criar um fundo semelhante ao fundo da coesão, ou eventualmente um novo PRR, para se desenvolverem novas capacidades militares, e para se adquirirem meios já existentes e desenvolvidos em países terceiros, inicialmente onde estes existirem, e paulatinamente desenvolver uma base industrial de defesa europeia, em diversos Estados-membros do grupo que designei por Euro Defence, para que as novas capacidades militares possam ser todas adquiridas no mercado interno.
Estas minhas perceções não invalidam algumas outras iniciativas, que estão a ser pensadas para aquisição de material urgente, como um mecanismo de compras conjuntas, semelhante ao caso da aquisição de vacinas para fazer face ao Covid, bem como a criação de Eurobonds, dívida conjunta, enquanto não se puder recorrer a fundos tipo de coesão e PRR.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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