Geral Opinião

O Líbano à beira da guerra civil

Foto: Folha PE

Com todos os problemas que têm os estados multiétnicos, multirreligiosos e multiculturais, inserido numa região geográfica, na vizinhança de várias potências com ambição de serem a potência regional do Médio-Oriente, nomeadamente a Turquia, o Irão, a Arábia Saudita e Israel, a frágil democracia que os franceses deixaram no Líbano, está periclitante e o Estado do Líbano, fruto dessa disputa tornou-se num estado falhado, em risco de implodir numa guerra civil, catalisada pela intervenção em curso de Israel.

Um estado democrático, com uma representatividade baseada nas distintas etnias e sobretudo nas religiões, é um estado frágil, sem coesão, ou seja, um Estado que só tem sobrevivido com alguma criatividade.

Recordo nesta crónica o episódio rocambolesco e insólito, ocorrido recentemente numa visita de Estado, do Primeiro-ministro do Líbano à Arábia Saudita, em que no decorrer da mesma foi preso, porque sendo sunita a sua conduta não tinha agradado à potência sunita regional, o que só comprova o que suprarreferi, acerca da fragilidade do estado falhado do Líbano, atacado direta e indiretamente por todos os seus vizinhos, que apoiam as distintas fações libanesas.

As potências vizinhas do Líbano só funcionam porque as autocracias, ou as ditaduras nelas vigentes, conseguem pela força das armas e da repressão, submeter as outras, razão pela qual quase todas as potências vizinhas não são democratas, com exceção de Israel, que infelizmente se está a tornar paulatinamente numa democracia iliberal racista, em que os judeus, sionistas, no poder querem impor a sua etnia, nos territórios ilegalmente ocupados por Israel.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma