Os conceitos nas Ciências, quer sejam exatas, quer humanas, sociais e políticas, são naturalmente contestados, ou seja, não são dogmas, não são verdades apodíticas, sendo da sua contestação que advém o progresso, que advêm novos conhecimentos.
Existem vários conceitos de terrorismo escritos ao longo dos tempos, e existem vários critérios para os classificar, ou não, como tal, que desde que estejam bem fundamentados, são naturalmente válidos, ou seja, a classificação Taxionómica dum determinado grupo, ou dum determinado ato como terrorista, depende do critério adotado por quem o classifica, das sua cultura política, bem como da ideologia política que professa, ou seja, da sua visão, da interpretação que faz da da realidade.
Não quero nesta crónica fazer uma revisão da extensa literatura sobre o tema, mas em minha opinião, assumo que o conceito que adoto, é um conceito relacionado com os interesses e o ou os objetivos a atingir na sua consecução, ou seja, considero que terrorismo, só é considerado como tal, se as ações que são praticadas por qualquer grupo ou pessoa não têm qualquer objetivo político a atingir, senão espalhar o terror pelo terror.
Com base neste conceito, claro que naturalmente contestado, não considero o Hamas um grupo terrorista, porque o objetivo político que tem é o de assumir um papel político importante na edificação de um novo estado palestiniano, ainda que quando foi formado tenha escrito que o objetivo do grupo era o de destruir o Estado Israel, por o considerarem ilegítimo.
A Fatah e a OLP já foram considerados grupos terroristas, embora atualmente não, pois ora até são considerados como atores políticos relevantes, pois ao juntarem-se transformaram-se na Autoridade Palestiniana que administra a Cisjordânia, ou seja, são considerados interlocutores-chave para a formação do novo estado Palestiniano, já com assento na Assembleia Geral da ONU.
Em minha opinião, o Hamas, no final desta incursão israelita em Gaza integrará a Autoridade Palestiniana.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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