A nossa política externa portuguesa sempre atuou no sentido de Portugal não ser confundido com o seu grande vizinho a Espanha, para que com esta não fosse confundido e minorizado, ou confundido com uma sua região.
Portugal nunca admitiu que os embaixadores estrangeiros colocados em Espanha pudessem cumulativamente, ser embaixadores em Portugal, quando esses países não quisessem ou achassem que não se justificava, em termos de interesses estratégicos, terem uma embaixada permanente em Portugal, aceitando sim que os embaixadores no Reino Unido o pudessem fazer.
Pelo mesmo motivo, e em termos de Forças Armadas, Portugal sempre preferiu fazer operações com os italianos, e o Reino Unido, apesar da distância ser maior e ter mais custos associados, do que com os espanhóis, só o fazendo atualmente porque não temos infelizmente Forças Armadas, e fazêmo-lo no âmbito da Cooperação Reforçada da UE, onde somos um Estado-membro com iguais direitos e deveres que os outros, como um “primus inter pares”.
A este propósito num grande documentário sobre Napoleão que vi esta semana na TV, sobre o título de “segredos escondidos da História”, realizado recentemente, pude constatar que as derrotas tidas pelo exército napoleónico em Portugal não só foram ignoradas, como foram inseridas no fracasso tido por estas em Espanha.
Pelos motivos super-indicados e independentemente de ganharmos visibilidade, apresentarmos os nossos monumentos internacionalmente, ou por motivos técnicos, como me tentaram ontem explicar, afirmando que nada percebia de ciclismo, acho que a volta a Espanha, não devia ter começado em Portugal, tendo nós ainda por cima pago dois milhões de euros à organização, em termos nacionais, acrescidos das verbas, ainda por apurar, que as Câmaras Municipais, por onde passou a volta pagaram pela publicidade nos canais desportivos internacionais, que cobrem o evento designado por volta à Espanha.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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