Por vezes perdemos em falar, ou por estarmos calado. As discussões que dizem trazer a luz, por vezes fazem brigas, fazem distanciamento, fazem tudo menos luz.
E quanto mais a idade avança mais facilmente verificamos que aqueles que muitos amigos têm são aqueles que nunca entraram em discussões, nunca fizeram questão de serem ouvidos, nunca tiveram uma voz discordante, estiveram sempre de acordo com toda a gente, mesmo que no seu intimo nunca estivessem de acordo com ninguém…mas sempre preferiram serem apenas… um gajo porreiro.
Há uns tempos para cá, tenho evitado defender as minhas ideias e deixar de ser o “ Xico esperto” que todos nós temos no nosso mais profundo interior. Para deixar brilhar, mesmo sem razão, o nosso amigo, que até fica estupefacto connosco sabendo do nosso irrequieto e verdadeiro feitio.
É o saber viver dizem alguns. É a velhice dizem outros.
De facto, com a idade e o vírus à espreita, o pouco tempo que nos resta, não deverá ser gasto com guerras de lana caprina. E lutar pelas nossas ideias que egoisticamente são sempre as melhores do mundo não leva a lado nenhum.
Se as nossas ideias fossem as melhores para resolver problemas económicos já tínhamos obrigação de estarmos ricos. Se as nossas ideias fossem as melhores na politica já éramos presidente da republica há muitos anos. Se as nossas ideias fossem as melhores ….
E de facto, se assim pensarmos, verificamos que apenas são ideias e valem o que valem…ou nada valem. Como todas as ideias valem assim um bocadinho…mas não são assim tão importantes como julgamos numa leve e primeira observação.
Posto assim a frio, esta clarividência, demonstra que ao avançarmos na idade começamos a dar razão ao nosso interior… e uma amizade será sempre muito mais importante do que ter sempre razão.
Digo eu, não sei. E não sou nenhum malandro.
Helder Martins
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