Portugal é um país médio da UE, a quem lhe é reconhecida internacionalmente uma grande capacidade negocial, de fazer pontes, entre partes, por forma a conseguir consensos.
Desde a afirmação difícil do reconhecimento de Portugal como nação independente, que para sobrevivermos no contexto internacional, que tivemos de negociar, de conseguir estabelecer as alianças certas, para a conseguirmos manter, e esta circunstância obrigou-nos a uma negociação constante, que com os tempos se foi tornando uma caraterística da nossa identidade.
A nossa posição geográfica, a escassez de recursos obrigaram-nos a sair do território, a sermos o primeiro país global, a estabelecer novas rotas comerciais, a ir buscar produtos exógenos à Europa, para vender com mais-valias, ou seja a negociar, sempre a negociar, infelizmente sem capacidades ou sem vontade de transformar essas matérias-primas, que poderiam ter mais mais-valias se o fizéssemos.
Esta capacidade negocial que fomos adquirindo ao longo dos séculos, reflete-se quando assumimos cargos internacionais em todos os níveis, tentamos sempre atingir o objetivo a que nos propomos, muitas vezes em ambientes informais, como em jantares, onde gostamos de estabelecer relações pessoais, que com o tempo vão sendo importantes, e dando frutos, o que aliado ao facto de não termos grandes interesses, nos facilita a vida, pois normalmente podemos ser neutrais, ou o mais possível neutrais.
Esta caraterística é-nos sempre reconhecida, e devido a isso um país com escassos 10 milhões de habitantes, tem conseguido grangear alguns cargos de relevo internacionais, pois essa caraterística é intrínseca ao “Soft Power” que conseguimos projetar globalmente.
A nomeação de António Costa para Presidente do Conselho Europeu, a materializar-se, é mais um exemplo do que acabo de referir.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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