Sua Santidade o Papa Francisco juntou-se ao apelo do Secretário Geral das Nações Unidas para pôr fim aos vários conflitos e guerras existentes no mundo, nesta altura de emergência mundial derivada ao COVID-19.
Esre apelo conjunto destas duas entidades é uma boa iniciativa, que em minha opinião não vai ter nenhuma repercurão na prática, pois os interesses por trás da maioria dos conflitos e guerras são normalmente muito importantes e não têm em consideração nem os direitos humanos da população local, nem na maioria dos casos as convenções do direito humanitário da guerra.
A guerra na Síria, na Líbia, no Chade, e na República Centro Africana, são as que presentemente mais preocupam a Europa, pela sua proximidade geográfica e pelas repercussões indirectas que poderão trazer ao Continente Europeu, quer em termos de migrantes, quer de narcotráfico.
No início do mês de Abril Portugal vai enviar mais um contingente militar para a República Centro-Africana, para participar numa operação de paz, legitimada pela Organização das Nações Unidas, para tentar pacificar o país. Esta intervenção portuguesa é um contributo importante que Portugal dá para a segurança europeia, e para a paz no mundo, não deixando de ser um paradoxo ter que se enviar uma Força Armada, para manter a paz entre dois contendores, e por vezes mesmo para impô-la pela força das armas.
Espero sinceramente que esta força, tenha a sorte que as anteriores tiveram, ou seja que regressem sem baixas causadas quer pelo combate quer pelo COVID-19, pois é impossível em operações militares manter a distância social, e mesmo garantir o isolamento de um possível infectado.
Para além destes conflitos e guerras, preocupa-me muito a situação dos quatro milhões de migrantes que se encontram em campos de refugiados na Turquia e na Grécia em condições sub-humanas, que se forem infetados pelo COVD-19 será muito difícil evitar uma catástrofe humanitária.
Por último gostaria ainda de alertar para as recentes intervenções terroristas do DAESH, que aproveitando-se deste momento de preocupação mundial, está a consolidar-se na província de Cabo Delgado em Moçambique, tendo na semana passada, efetuado com sucesso alguns ataques terroristas na região, onde capturaram material militar relevante ao Exército Moçambicano.
É preocupante as movimentações e ataques terroristas deste grupo Islâmico radical nessa província, pois pode colocar em risco a vida de milhares de portugueses, que se encontram a trabalhar na região, para operacionalizar as grandes reservas de gás natural lá existentes, fundamentais para o desenvolvimento de Moçambique.
Termino esta crónica, convicto que a declaração conjunta do Papa e do Secretário Geral da ONU, infelizmente, não passe de uma manifestação bem intencionada mas sem nenhum reflexo na prática.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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