A União Europeia no seu início foi criada para que não voltasse a haver guerras em território europeu, tendo começado por ser uma organização que pretendia colocar o ferro e o carvão em comum, denominada por Comunidade Económica do Carvão e do Aço, o material com que se construíam as armas, sinal de confiança máxima entre os estados que saíram duma Grande Guerra, que inicialmente não foi mais que uma guerra civil entre as potências europeias, tendo posteriormente sido alargada aos EUA e à região da Ásia Pacífico, essencialmente contra o Japão.
A Comunidade Económica Europeia substituiu a CECA e começou a trabalhar no sentido de desenvolver uma comunidade criando-a a partir da economia, ao invés de ter começado, como seria expectável, que fosse através da política, pois pensou-se que a partir da economia fosse mais fácil conseguirem-se consensos.
O facto de haver um fórum, onde quatro vezes por ano se reunirem os Chefes de Estado ou de Governo, das principais potências europeias, e várias vezes os diferentes ministros, é por si só, importante pois evita os mal entendidos, que amiúdes vezes aconteceram no passado, e que foram os catalisadores de alguns conflitos entre elas.
Desde Maastricht que a CEC se tornou numa União Política, tendo a partir daí vindo a consolidar-se e a alargar-se, e a discutir cada vez mais novas formas de integração, que passarão inexoravelmente, em minha opinião, pelo aprofundamento duma Política Externa e de Segurança Comum, e por uma Política Comum de Segurança e Defesa.
A União Europeia é o local onde a diplomacia é rainha, onde tudo é negociado, e nela tem-se privilegiado o Soft Power ao invés do Hard Power nas Relações Internacionais, onde privilegiam o multilateralismo, ou seja, o liberalismo ao invés do realismo.
O exemplo de sucesso da UE, tem sido modelo para outras organizações como o Mercosul, tem funcionado pois tem conseguido, com esta forma peculiar de exercer o poder, que muitos definem como Soft Power.
O facto de, até agora, só ter efetuado Operações de Petersberg, sempre a pedido e sob a égide da ONU, a Organização Multilateral Mundial por excelência, tem feito dela uma organização modelar e bastante relevante para a resolução de crises e de conflitos mundiais, facto que a torna num ator relevante do Sistema Internacional multilateral.
A eventual militarização da UE, fruto das nocas ameaças para a paz vindas da Rússia, e da eventual tomada de posse de uma nova administração liderada por Trump, poderão fazer com que esta venha a ter de ser implementada.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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