Após o caso Marega muito se tem falado acerca de racismo e sobre o facto de Portugal ser ou não um país racista. Vou iniciar este pequeno artigo de opinião por fazer uma breve retrospetiva histórica em que me refiro ao luso tropicalismo, que contraria a explica a causa da narrativa histórica que foi passada à minha geração e à geração anterior, que no ensino da história só referia as grandes gestas do nosso heróico povo e o nosso humanismo nas relações com as colónias, negando sempre a existência do racismo como resultado da intolerância pelo outro, pelo diferente.
O luso tropicalismo teoria desenvolvida inicialmente pelo Brasileiro Gilberto Freire no seu livro Casa grande e Sanzala, foi muito útil para Salazar refazer a nossa história Colonial, e juntamente com Franco Nogueira na ONU, tentar convencer os países que se opunham à nossa guerra colonial.
Nessa altura mudou-se o nome de colónias para províncias ultramarinas e reviu-se o estatuto do Indígena. Tenho um tio nascido em Angola, que quando veio estudar para a metrópole no seu BI estava escrito branco de segunda.A seriação por raças existia.
Como os outros povos coloniais fizemos e usámos escravos, e o nosso Afonso de Albuquerque ficou conhecido por não fazer prisioneiros, pois matava-os ou mutilava-os, chegando a tirar-lhes o nariz desfigurando-os.
A invenção do mulato pelo Português é uma falácia conveniente, pois quem ia deportado ou emigrado para as colónias era oriundo do interior, analfabeto e sem cultura, não diferindo em muito dos indígenas. O Estado Novo foi muito hábil em refazer a história em muitos dos nossos momentos passados.
O futebol é um desporto que em Portugal,e não só, desperta paixões exacerbadas, em que os adeptos e as claques das principais equipas reagem contra as equipas adversárias, respetivos adeptos e claques como se de inimigos se tratassem e não como adversários/ rivais. Este tribalismo existente no futebol é propício a que se ressuscitem preconceitos racistas, como o que infelizmente observámos em Guimarães, em que a claque da equipa local, se manifestou duma forma insultuosa, xenófoba e racista, contra Marega jogador da equipa do Porto, ao grunhir em coro como os macacos.
Está na mão das autoridades e das entidades responsáveis pela governação do futebol nacional tudo fazerem para que estas atitudes
Racistas não se repitam e não nos envergonhem como nação, uma vez que este caso, infelizmente correu mundo.
A aceitação da diferença é um passo civilizacional que se encontra em risco.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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