Desde a antiguidade que no final das guerras os civis eram pilhados, saqueados, violados e por vezes mortos só por vingança ou gaudio dos conquistadores, embora com algumas e raras exceções, sendo Alexandre o Grande, considerado uma delas, pois queria ser aclamado como rei pela população, após a rendição ou a derrota militar no campo de Batalha.
No século XX e principalmente na ll Guerra Mundial os bombardeamentos indiscriminados a cidades com a consequente morte da população civil, foi utilizada para vergar o inimigo e fazer com que este perdesse a vontade e a Moral para combater, tendo-se cometido massacres autênticos e criminosos sobre civis indefesos, em Dresden, Nagasaki e Hiroshima.
O respeito pela vida humana, após a ll Guerra Mundial, passou passou a ser um valor para o Ocidente, e os direitos humanos e mesmo o direito humanitário da guerra passaram a ser algo de importante, tendo o aparecimento de munições guiadas e inteligentes, parecido, à primeira vista, ter resolvido o problema das mortes de civis inocentes.
Com guerras em curso verificámos que esse aparente progresso civilizacional tinha sido uma ilusão, pois têm sido usadas indiscriminadamente todo o tipo de munições sobre a população civil, com o objetivo de quebrar a vontade de combater na frente ou simplesmente por vingança, ódio ao inimigo, ou para efetuar uma punição coletiva sobre um inimigo que alegadamente usa a população para se esconder e para servir de escudo humano.
A barbaridade com que os Russos bombardeiam a população Ucraniana diariamente, e com que o Hamas aterrorizou e matou civis judeus, bem como a barbaridade da resposta Israelita ao ataque terrorista do Hamas, são sinal de que afinal todo o edifício jurídico internacional do direito humanitário, dificilmente é aplicado numa guerra, e que os instintos selvagens e selváticos fazem parte da maldade humana.
Termino esta crónica com alguma estupefacção quando vejo civis judeus impedindo a entrada de ajuda humanitária em Gaza, numa ação que tem de estar coordenada com as Forças de Defesa de Israel, pois naquela zona de guerra não podem entrar, alegadamente, nem civis, nem jornalistas, a não ser que estes estejam a ser usados, numa operação militar com o fim de impedir que se preste auxílio humanitário à população de Gaza para obrigar o Hamas a render-se mais depressa, ou para que esta de revolte contra o Hamas, missão aue as forças de Defesa não podem ou não devem realizar sobre risco de poder ser considerada mais uma ação para exterminar o povo palestiniano, ou seja que toda esta guerra consubstancia um genocídio
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma