Os sunitas e os xiitas embora sendo seguidores dos ensinamentos de Alá, são inimigos fidalgais desde quase a morte do profeta, só se aliando quando há interesses comuns, como é o caso desta nova aliança entre o Hamas sunita, e o Irão Xiita, e seus proxis xiitas, interesses esses relacionados com o ódio comum aos Judeus, a Israel, e muitas vezes aos americanos.
Os EUA têm desde a queda do Xá do Irão feito alianças com os sunitas, com exceção do Iraque pós-queda do Saddam que era sunita, e que enquanto não caiu em desgraça, foi também o grande aliado dos americanos, que sempre o apoiaram na sua guerra contra o Irão.
Enquanto estive no Iraque verifiquei “in loco” que a população odiava os EUA e toleravam os europeus, pelo que apesar do apoio aos xiitas pós-invasão, estes sempre quiseram cessar toda a colaboração com o invasor, e por meios políticos tentaram impedir que estes permanecessem com bases no Iraque.
Os curdos embora estejam integrados no Iraque têm grande autonomia, quase independência, pelo que um ataque ao Curdistão Iraquiano, por parte do Irão, não preocupa o estado central iraquiano, que também é xiita como os iranianos.
O ataque iraniano na Síria ao Estado Islâmico, também não é passível de merecer nenhuma oposição do governo Sírio Xiita, pois não controla a região onde este se implanta, para além de que este grupo terrorista é sunita. O Ocidente e os EUA por sua vez também têm interesse em diminuir a capacidade militar do Estado Islâmico, pelo que esse ataque não merece nem mereceu qualquer oposição da sua parte.
O único alvo iraniano preocupante foi o ataque ao Paquistão, maioritariamente sunita, o único que poderá fazer escalar a guerra eterna entre xiitas e sunitas, e que internamente poderá ser aproveitado pela minoria xiita paquistanesa, e pelos seus grupos terroristas. Quero relembrar que o Paquistão é um país que dispõem da arma nuclear, pelo que qualquer guerra contra o Irão poderá ser preocupante.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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