O título desta crónica está relacionado com o novo paradigma, ou ideia-chave, que o dito Ocidente alargado, quer fazer passar para primeiro exacerbar as virtudes das democracias versus às perfídias dos outros regimes.
Não tenho dúvidas que as democracias liberais, são como dizia Churchill “o melhor dos piores regimes, e que pelos seus valores valia a pena lutar”, na altura contra os nazis, e que continua a valer a pena lutar por eles, mas nunca os impor e com eles justificar ou camuflar qualquer tipo de guerras, que têm objetivos de outra índole, objetivos geopolíticos e geoestratégicos.
As democracias versus os outros, ou a luta do bem contra o mal, das virtudes contra os pecadores, é uma forma de demonizar os nossos adversários e tentar justificar pela ética e também nalguns casos pela moral, os atuais e futuros conflitos ou guerras.
Todas as potências têm normalmente um geopolítico que as informa e guia, e esse pensador no caso dos EUA é Samuel Huntington, que foi o autor do livro de “The Clash of Civilazations”, livro que justificou a invasão do Iraque, e que está a ser ressuscitado por esta administração Biden dos EUA e dos seus aliados, nos atuais e futuras conflitos ou guerras que se antevêem.
O enorme problema desta simplificação é que do lado do Ocidente dito alargado, existem democracias iliberais, que se assemelham mais a autocracias, ou que delas estão a caminho, como é o caso da Hungria, da Turquia e também de Israel, onde existe uma democracia, para os israelitas de origem judaica e um regime de “apartheid” para os outros, mesmo os que não vivem na Cisjordânia, nem em Gaza.
Do outro lado nos demoníacos BRICS existem democracias liberais, como é o caso da África do Sul e da Índia, que ainda pode ser considerada a maior democracia do Mundo.
O mundo não é preto e branco há várias tonalidades de cinzento.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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