Se o nível tático da guerra da Ucrânia parece estar parado, pois está em curso uma guerra de atrição entre as duas partes em confronto, o mesmo não se pode dizer do nível operacional, nem do nível estratégico e político ou diplomático.
O nível operacional é o nível ainda de responsabilidade dos militares, é nele que é arquitetada toda a campanha militar, ou seja, onde atuar, dentro ou fora do próprio território ucraniano por forma a impedir que cheguem reforços em termos de pessoal e apoios logísticos à frente do campo de batalha propriamente dito.
Neste nível não são considerados outro tipo de objetivos que não sejam exclusivamente militares, são objetivos em profundidade, de que são exemplos o ataque à frota do mar negro na Crimeia e à ponte de Kersh, entre outro.
O nível estratégico e ou político tem sido também palco de diversos acentos, que têm acontecido de uma forma contínua em todos os palcos bilaterais e multilaterais, de que a ONU é o mais importante.
Na ONU para a semana que vem vai haver o encontro anual aonde grande parte dos Chefes de Estado e de governo irão estar presentes para discursar na Assembleia Geral, bem como para realizarem encontros bilaterais ao mais alto nível.
Zelensky vai-se deslocar a este fórum, aonde vai discursar, bem como para falar com Biden, e para falar com os republicanos, pois tem que os motivar para a sua justa causa.
Os republicanos capitaneados, eventualmente por Trump, parecem já terem dado, ainda que de forma oficiosa, o seu apoio a Zelensky, algo que tem que ser visto duma forma normal, porque os interesses dos estados em termos de política Externa são constantes e por isso perenes no tempo. Independentemente das administrações, ou dos Governos.
Os interesses dos EUA, são neste caso, desgastar a Rússia, impedir que a UE venha a ter uma autonomia estratégica, em termos de defesa, ou seja, fazê-la continuar a ser neste domínio um anão político.
Num dos primeiros encontros que participei de Segurança e Defesa organizados pela Academia Militar espanhola, um embaixador dos EUA, proferiu a este respeito a seguinte afirmação que define a política externa norte-americana, “os EUA são um país europeu”.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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