O resultado desta espécie de intentona das Caldas, versão russa do nosso golpe de estado-falhado que antecedeu o 25 de abril, foi semelhante ao nosso, tendo Putin ficado enfraquecido no seu poder pois perdeu imagem de autoridade que detinha, perdeu a auréola de invencibilidade, de homem-forte que cultivava, mostrando que os pilares em que assentava o seu poder têm pés de barro.
Os serviços de informações, o FSB, falharam redondamente, não conseguindo analisar e prever um cenário semelhante ao que se desenrolou, tal como já tinham falhado no levantamento dos cenários que aconselharam Putin a invadir a Ucrânia, pois estes expectavam que os russos não teriam resistência armada e que tomariam Kiev em pouco tempo.
As Forças Armadas não se têm mostrado competentes, o comando parece errático, e os oficiais do posto de Coronel para baixo estão desmoralizados e com pouca vontade de combater, razão pela qual Prigazhin pensou que teria o seu apoio de forma inequívoca, algo que desta vez não aconteceu, malgrado não ter tido oposição de vulto na sua marcha sobre Moscovo.
A única força armada que reagiu com eficácia foi a Força dos Chechenos, outra força mercenária, o que em minha opinião reforça a minha tese, pois à semelhança do 25 de abril, as Forças Armadas regulares o poderão a breve trecho, efetuar um novo golpe-de-estado com êxito.
O povo russo da cidade ocupada pelas Forças da Wagner, Rostov, demonstrou estar contra o poder de Putin, tendo-o manifestado através da ovação espontânea que fizeram, quando estas retiraram da cidade, o que em minha opinião está relacionado com o facto de não apoiarem a guerra, ou seja, outra semelhança com a nosso 25 de abril.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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