É interessante neste período de transição e de reequilibro de poderes, observar o número de novos fora que diariamente se formam de uma forma “ad hoc”, muito informais, que têm permitido troca de ideias sobre a segurança e defesa global, o que poderá a curto-prazo ajudar a resolver o problema da Ucrânia e a definir a Nova Ordem Mundial, que infelizmente terá fronteiras bem definidas assim como várias linhas vermelhas que se ultrapassadas poderão ser focos de grande tensão e provavelmente geradoras de novos conflitos catalizadores de novas guerras.
A realização destes encontros, de que é exemplo o encontro de Segurança da Ásia-Pacífico que decorreu em Singapura é um exemplo de um novo forúm surgido em plena guerra da Ucrânia, e embora esta seja uma guerra fora da área do fórum, parece ter sido um dos seus mais importantes focos, pois a China ao declarar novamente que Taiwan faz parte do seu território e que qualquer estado que ponha em causa este pressuposto terá consequências graves, além de estar a definir uma linha vermelha, por uma questão de coerência não pode apoiar a Rússia na Ucrânia por esta estar a violar as fronteiras do seu país vizinho.
Uma das vantagens grandes desta proliferação de foras é que ao juntar delegações governamentais de alto nível, poderão dirimir novos conflitos, que muitas vezes surgem de mal-entendidos entre governos, por más interpretações de atitudes, ou seja, o conhecimento pessoal dos decisores e os encontros que se estabelecem bilateralmente à margem da reunião são fundamentais e são geradores de confiança, pois não nos podemos esquecer que na base da l Guerra Mundial estiveram muitos mal-entendidos entre representantes diplomáticos das diversas potências, ou seja, entre funcionários que embora fossem embaixadores, não eram decisores políticos e muitos dos telegramas por eles transmitidos aos seus países não foram bem interpretados, pois é diferente o contato entre decisores, que por interpostas pessoas.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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