Os sérvios que habitam no Kosovo revoltaram-se na passada semana por contestarem que, nas eleições municipais tidas no país, eles não se sentiam devidamente representados nas listas que venceram as eleições, malgrado em termos percentuais estes representem uma minoria, neste recém-criado estado, maioritariamente Albanês, surgido por decisão dos EUA e não reconhecido internacionalmente por vários estados com representação na ONU.
O Kosovo é considerado pelos sérvios o berço da sua nacionalidade, sendo o local onde existem as igrejas e os mosteiros mais importantes e emblemáticos da religião ortodoxa por eles professada, facto que torna o território muito relevante em termos identitários para os sérvios e para a Sérvia, que nunca aceitaram a criação do Kosovo como estado independente, decisão que naturalmente contestam e que foi tomada na sequência do fim da guerra dos Balcãs, e na sequência da intervenção musculada da NATO, em que a ex-Jugoslávia foi dividida em vários novos estados.
A NATO tem mantido forças em permanência no Kosovo, designadas por KFOR, desde a sua independência, muito embora a contingente de forças de segurança no país estar, à data da revolta popular Sérvia muito reduzido, facto que levou a que a organização imediatamente o tenha reforçado com cerca de mil militares.
A ex-Jugoslávia continua a ser uma região em que existem alguns conflitos étnicos latentes, em que o mais complexo é o existente no Kosovo entre a maioria Albanesa e a minoria Sérvia, sendo a existência do próprio estado do Kosovo muito contestado inclusive em termos de legitimidade internacional.
As divergências étnicas no Kosovo que ressurgiram na sequência das eleições no Kosovo, estão a ser habilmente manipuladas por Putin, para desestabilizar a Europa e provocar a NATO e os EUA, numa tentativa de desviar o foco do conflito ucraniano, na sequência da reaproximação da Sérvia com a Rússia, em minha opinião, por culpa da UE que tem retardado a sua e de alguns destes novos estados europeus no seu seio, pois considero que politicamente esta entrada poderia ser um fator importante na pacificação da região e no seu desenvolvimento económico.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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