Em minha opinião, e como resultado da análise que tenho efetuado da situação tática no Teatro Operacional Ucraniano, a tão esperada contraofensiva das forças de Kiev, será feita na região de Donbass, de Bakhmut até ao objetivo de penetração que será a conquista de Donetsk.
A linha de contato entre os dois contendores não tem sofrido alterações significativas, no entanto com exceção da região de Bakhmut, os russos estão a assumir uma postura defensiva agarrando-se ao terreno, cavando trincheiras, criando ou reforçando obstáculos naturais para canalizar os ucranianos para a sua melhor posição defensiva, onde têm colocadas as duas reservas, para reforçar a frente de combate em caso de rotura, evita do que os seus oponentes atinjam o objetivo de penetração em profundidade. Em termos gerais, isto significa que chegar ao mar de Azof, tentando cortar a continuidade das forças russas é uma realidade muito difícil, senão impossível de alcançar, com as nove novas brigadas, que totalizam um total de cerca de quarenta e cinco mil homens, mesmo bem equipados e armados, pois para se lançar uma ofendida com sucesso, sobre uma posição fortificada do inimigo exige, pelo menos um potencial de três a atacar contra um a defender.
Dito isto parece-me que o local onde os russos têm mantido um ímpeto ofensivo e por isso descurado a preparação do terreno é na região de Bakhmut, sendo por isso, em minha opinião, como supra referi, o local ideal para se efetuar um contra-ataque, ou seja, uma contraofensiva, na tentativa de conquistar Donetsk, um objetivo remunerador, que permitiria a Kiev negociar a paz em vantagem.
Citando Clauswitz, o objetivo duma guerra não é destruir o inimigo, mas sim obter uma vantagem por forma a ir para a mesa de negociações numa posição de superioridade.
No futebol, como na guerra, um contra-ataque lança-se na sequência de um ataque, quando o adversário está concentrado neste e descurou a sua defesa em profundidade.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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