Os Papas e a Santa Sé têm tido, desde sempre, uma grande influência no mundo, muito em especial no mundo Ocidental, havendo diversos autores que chegam mesmo a afirmar que o Império Romano do Ocidente ainda não terá acabado, pois para o Papa de certa forma assumiu algumas funções do Imperador.
Os diversos Papas ao longo dos séculos sempre tentaram, tendo algumas vezes conseguido, evitar e mesmo acabar com alguns conflitos e guerras entre povos e países com a mesma fé, principalmente entre os Católicos.
Esta experiência acumulada de séculos em termos de influência pela palavra, reflete-se em ações diplomáticas concretas e eficazes e eficientes, tendo a diplomacia da Santa Sé conseguido grandes êxitos na construção e edificação da paz em numerosas guerras, recorrendo à rede global de igrejas regionais, que tem espalhadas por todo o mundo, ou seja, usando o seu “Soft Power”, conceito que neste caso se aplica, usando a linguagem coloquial, que nem uma luva.
Nos tempos mais recentes lembramo-nos da influência de João Paulo ll, contribuindo para o fim da guerra-fria, algo que começou com o apoio direto que deu a Lech Walesa em Gdansk, que levou à queda do governo Polaco, pois a Polónia é um povo devoto e extremamente Católico, Papa esse que era um defensor acérrimo dumas fronteiras da Europa, que incluíssem os Urais, be como a influência da comunidade de Santo Egídio nos acordos de paz firmados entre a Renamo e a Frelimo, em Moçambique.
É por tudo isto muito relevante, que o Papa Francisco tenha começado a desenvolver esforços diplomáticos, no sentido de alcançar a paz na Ucrânia, país que tem muitos católicos na região de Levive, mas que é predominantemente Ortodoxo, muito embora e como consequência desta guerra, a maioria da Igreja Ortodoxa Ucraniana tenha rompido com a Igreja Ortodoxa de Moscovo.
A diplomacia da Santa Sé, em termos visíveis, já conseguiu que um dos representantes da Igreja Ortodoxa Russa, aparecesse num ato público em Roma, junto ao Papa Francisco, e esta semana o Papa vai receber Zelensky, que nele vê uma saída viável em termos diplomáticos, para alcançar a paz, uma vez que esta guerra não vai ser ganha militarmente por nenhum dos contendores.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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