O Chefe de Estado Maior das Forças Armadas vai mudar, passando o cargo a ser exercido pelo atual Chefe de Estado Maior do Exército, que de acordo com a nova legislação, passa a ter as funções de um verdadeiro Chefe da Defesa, à semelhança de todos os seus congéneres europeus, ou seja, deixa de ser um mero “Primus inter pares”, para ser realmente o Chefe dos três ramos.
Numa altura em que é exigido aos países da NATO e a todos os Estados-membros da UE um esforço para investirem mais na defesa, cabe ao novo CEMGFA propor ao poder político, quais as capacidades militares a adquirir no futuro, e estabelecer prioridades na sua aquisição, que sejam sustentáveis, ou seja, mantidas em termos operacionais durante o seu tempo de vida útil.
As capacidades militares são sempre nacionais, quer sejam para executar missões NATO, quer UE, e o facto de a ambas pertencermos, obriga-nos a delas dispor para colaborar ativamente na defesa do espaço Euro-Atlântico, ou seja, para podermos usufruir dos benefícios duma defesa coletiva, temos de nela participar ativamente.
A Marinha tem que ter capacidades de integrar as congéneres, com navios com capacidades militares, sistemas de armas complexos, equipados com mísseis, para efetuar missões militares, que não são missōes de Guarda Costeira, são missões de combate, missões de artigo V, o que não quer dizer que a Marinha, com outros meios, não deva continuar a manter a Missão de Guarda Costeira, pois dificilmente uma nova fragata pode efetuar missões de duplo-uso, pois o a armamento e equipamento é atualmente completamente distinto.
A Força Aérea também tem que continuar a ter aviōes para efetuar missōes de defesa aérea, bem como adquirir drones com distintas capacidades, não se podendo reduzir a sua missão a missōes de “Search and Rescue” na nossa área de responsabilidade marítima, ou de transportes logísticos, o que não quer dizer que as não deva continuar a efetuar.
O exército terá também de continuar a dispor de capacidades militares que possam ser utilizadas em missões de defesa coletiva, não devendo só dispor de forças ligeiras para serem utilizadas em operações de paz.
Esta crónica é uma resposta ao comentador Nuno Rogeiro, que de uma forma leviana, no seu programa, opinou que as Forças Armadas se deveriam cingir a efetuar as missōes de Guarda Costeira, de Search and Rescue e a alguns batalhões ligeiros de Forças Especiais, revelando total ignorância sobre os assuntos que normalmente comenta.
Se abdicarmos de ter capacidades militares, abdicamos da soberania, e será melhor pensarmos na necessidade de aprofundar a integração europeia, no sentido desta se tornar numa Federação, ou tornarmos-nos num protetorado dos EUA.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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