Perdemos com o Reino de Marrocos, fizemos um bom jogo de futebol, mas perdemos, é normal num campeonato do mundo há sempre umas equipas que ganham, outras que perdem e é preciso saber-se perder, para se saber ganhar.
Portugal muito tem investido no futebol nos últimos anos, havendo atualmente excelentes condições para a prática desse desporto, que é cada vez mais uma indústria do que um desporto.
A maior parte dos clubes portugueses forma jogadores nas suas escolas, com o objetivo de vender os seus passes para os grandes clubes, que por sua vez os revendem, depois de os valorizarem, para clubes estrangeiros, todos tentando ter uma mais-valia nessas transações milionárias de passes de jogadores.
Por sua vez os clubes maiores, além de recrutar os seus jogadores internamente, também os recrutam noutros países, especialmente da América-latina e em África, que após chegarem também os tentam valorizar, para posteriormente revenderem também os seus passes.
Os clubes portugueses servem assim, essencialmente, de entrepostos comerciais para revenda de passes, qual negócio esclavagista de tempos modernos…
Fazer uma seleção de jogadores que jogam nos melhores clubes do mundo, não é difícil, é difícil é pô-los a trabalhar em conjunto, algo que normalmente não fazem, bem como criar-lhes rotinas e treinar jogadas previamente.
Estando Portugal a envelhecer e cada vez com menos jovens, é difícil que continue a ter uma base de recrutamento de jovens com quantidade e qualidade suficiente, para continuar a ter o sucesso que tem tido nos últimos anos, a nível internacional.
O envelhecimento de Portugal é um problema de difícil solução, que tem repercussões em todos os domínios, e continuando Portugal a formar jovens, quer no futebol, quer em todas as outras áreas, para posteriormente vender os seus passes, ou simplesmente os ceder para outros países já formados e a custo-zero, só porque os não consegue reter, vai ser o maior desafio com que a classe política portuguesa se vai defrontar, nos próximos anos, pois Portugal não pode continuar a ser um entreposto de pessoas, com o risco de deixar de ser viável e de se aproximar da definição de Estado-exíguo.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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